Blog da Suzane Carvalho

Arquivo : anhembi

Will Power, o piloto a ser batido no Anhembi
Comentários Comente

Suzane Carvalho

Com largada prevista para meio-dia e meia de hoje, a terceira edição da Fórmula Indy em São Paulo (oitava no Brasil) tem tudo para ser uma excelente corrida para expectadores e pilotos, torcidas e equipes.

O vencedor das duas primeiras edições da Fórmula Indy no Anhembi, Will Power, cravou a pole position e é o homem a ser batido hoje.  Dario Franchitti que ficou com o segundo tempo, apenas 0.04s mais “lento” que Power, está sempre rondando o primeiro lugar.  Em 2010 largou na pole e chegou em 8º e em 2011 largou em 6ª e chegou em 4º.  Hoje largará ao lado de Power.  Da mesma forma que no ano passado, Power voltou a elogiar o circuito e as melhorias que foram feitas nele.  Disse que se diverte aqui e que é o melhor traçado dos circuitos de rua que eles correm.

Em terceiro largará Scott Dixon, seguido por James Hinchcliffe, Ryan Hunter-Reay, e Graham Rahal.  Dos brasileiros, o que sairá mais à frente é Tony Kanaan, na 11ª posição, seguido por Rubens Barrichello, que por muito pouco não entrou no Q2.

Tony Kanaan disse que andou pouco nos treinos porque fez muitas mudanças no carro.  Eles vieram para São Paulo com o mesmo acerto da corrida de Long Beach, que é em circuito de rua também, e por isso perderam muito tempo tentando adequar o carro, já que a modificação principal, inclusive de relação de marchas, demoraria muito.

Helio CastroNeves disse que o acidente no segundo treino tirou um pouco a confiança e que por isso foi conservador na classificação, e como os tempos dos pilotos estão muito próximos, o resultado foi ficar atrás, mas que já combinou com a equipe que farão uma corrida mais agressiva.

Rubens demonstrava tranquilidade e ressaltou: “Continuo melhorando a cada vez que sento no carro e vou para a pista.  Não estou preocupado com qualquer tipo de cobrança.  Para se resolver um problema, você tem que estar antes de tudo bem com você mesmo, feliz com você mesmo.  E eu estou.”

No geral, estou achando os pilotos brasileiros bastante humildes e relaxados.  Quem demonstrou maior preocupação com resultado foi Bia Figueiredo, que quer mostrar que pode mais do que fez ano passado, e agora por uma equipe melhor estruturada.

O warm up que aconteceu às 08: 30 hs foi com o piso molhado e Ryan Hanter-Reay foi o mais rápido.  Wil Power ficou em terceiro.  Rubinho em 5º, Helinho em 11º, Tony em 22º e Bia em  24º.  Mas ao que tudo indica, a corrida será no seco.

Rubes Barrichello concentrado antes da classificação

Este ano a categoria teve uma série de mudanças.  Mudou o carro, mas este é igual para todos os pilotos: Dallara DW-12  (as letras “DW” foram colocadas em homenagem ao piloto Dan Weldon que ajudou a desenvolver o carro e faleceu na última corrida do ano passado).  Porém, mudou também o motor que deixou de ser de apenas um fornecedor, que era a Honda, para ser multi marca.  Entraram os motores Chevrolet e Lotus.   O Chevrolet ganhou as três primeiras etapas do ano e para esta corrida a Honda fez modificações no turbo, o que equilibrou bastante a competitividade.  Lotus, no entanto, continua atrás.

Eis o grid de largada:

1  12  Power, Will  D/C/F 01:21.4045 112.151
2  10  Franchitti, Dario  D/H/F 01:21.4485 112.090
3  9  Dixon, Scott  D/H/F 01:21.8545 111.534
4  27  Hinchcliffe, James  D/C/F 01:21.9956 111.343
5  28  Hunter-Reay, Ryan  D/C/F 01:22.2408 111.011
6  38  Rahal, Graham  D/H/F 01:21.8033 111.604
7  14  Conway, Mike  D/H/F 01:21.8122 111.592
8  67  Newgarden, Josef (R)  D/H/F 01:21.8128
9  2  Briscoe, Ryan  D/C/F 01:21.8495 111.541
10  26  Andretti, Marco  D/C/F 01:21.8498 111.541
11  11 Kanaan, Tony  D/C/F 01:22.5210 110.634
12  8  Barrichello, Rubens  D/C/F 01:22.3939 110.804
13  5  Viso, EJ  D/C/F 01:22.1404 111.146
14  4  Hildebrand, JR  D/C/F 01:22.4321 110.753
15  83  Kimball, Charlie  D/H/F 01:22.1973 111.069
16  77  Pagenaud, Simon (R)  D/H/F 01:22.4354 110.749
17  19  Jakes, James  D/H/F 01:22.3840 110.818
18  7  Bourdais, Sebastien  D/L/F 01:23.1331 109.819
19  3  Castroneves, Helio  D/C/F 01:22.4143 110.777
20  25  Beatriz, Ana  D/C/F 01:23.2692 109.640
21  20  Carpenter, Ed  D/C/F 01:22.9424 110.072
22  78  de Silvestro, Simona  D/L/F 01:23.6762 109.106
23  22  Servia, Oriol  D/L/F 01:23.4509 109.401
24  6  Legge, Katherine (R)  D/L/F 01:24.6042 107.910
25  15  Sato, Takuma  D/H/F No Time No Speed
26  18  Wilson, Justin  D/H/F No Time No Speed

Legenda: Chassi/Motor/Pneu
D  – Dallara
C – Chevrolet
H – Honda
L – Lotus
F – Firestone
R – Rookie


Fórmula Indy desembarca pela terceira vez em São Paulo
Comentários Comente

Suzane Carvalho

Direto da Indy, no Anhembi – 01

A estreia da Indy em pistas brasileiras foi em 1996 no Rio de Janeiro, quando foi inaugurado o circuito oval Emerson Fittipaldi, dentro do Autódromo de Jacarepaguá, e lá correu por cinco anos.

Com o circuito oval de Jacarepaguá já destruído, em 2009 a categoria desembarcou em São Paulo para correr  nas ruas, em plena Marginal Tietê, passando também pelo Sambódromo.

Em seu terceiro ano no Circuito do Anhembi, temos quatro pilotos brasileiros participando da corrida: um piloto de Fórmula 1, um campeão da categoria, um vendedor das 500 Milhas de Indianápolis por três vezes e uma mulher.

Mudanças de carro e de motor para os mais experientes, falta de conhecimento das pistas para os “novatos”.   Aqui,  o que eles estão pensando antes dos treinos:


TONY KANAAN
Após ter sido campeão na Indy Lights, entrou na Fórmula Indy em 1998, foi campeão em 2004 e vice-campeão em 2005.  Ano passado quase ficou de fora campeonato, mas conseguiu se manter e esteé o 15° ano que está correndo aqui.

“Esse ano tivemos muitas novidades, como o carro novo, o freio de carbono e o motor turbinado.  Quando vi o carro novo pela primeira vez, estranhei, pois ele parecia um “batmóvel”, mas hoje me acostumei e até acho bonito.  Nosso motor Chevrolet é dócil, e foi bom para mim ter o Rubens na equipe, assim eu tenho uma ameaça maior e com isso tenho que acelerar mais.  Além do mais, ele está nos passando um pouco da tecnologia que tem na F1”.

Tony teve duas falhas mecânicas nas duas primeiras corridas, e na terceira chegou em quarto.  Vem para São Paulo com muita “fome” de um bom resultado.

HÉLIO CASTRONEVES
Em seu 12° ano na categoria, “Helinho”,  tri-campeão das 500 Milhas de Indianápolis, disse que fez pouca quilometragem antes da temporada, já que foram seus companheiros de equipe, Will Power e Ryan Briscoe, que testaram o carro na pré-temporada.  Disse que quando andou pela primeira vez, achou melhor do que a expectativa, e que o carro “não é tão ruim assim”.  Mesmo assim, ganhou a primeira corrida da temporada.

Uma novidade para ele, foi o fato de o carro só ter dois pedais, e com isso só agora ele começou a frear com o pé esquerdo, apesar de ter sido kartista na infância e adolescência: “Há 20 anos eu não freava com o pé esquerdo, e este ano os freios passaram a ser de carbono em vez de ferro, e são ainda melhores.”

Este ano a categoria tem um novo diretor de prova, o Beaux Barfield que entrou no lugar de Bryan Barnhard, e segundo Helinho, está fazendo um trabalho melhor, deixando as corridas fluírem mais, e que Barnhard, mudava as regras durante a temporada.

Ele está em segundo no campeonato, e seu companheiro de equipe, Will Power, é o primeiro, já que ganhou as outras duas etapas.  “comparando a telemetria do carro do Power, dá para ver que o cara tem um talento de colocar todas as curvas em uma situação bem diferente, entrando mais rápido e saindo também mais rápido.  Ele é bem agressivo na classificação, mas nas corridas nem tanto”, completou.

É incrível a capacidade do Helinho de sorrir durante uma entrevista.

RUBENS BARRICHELLO

Após 19 temporadas correndo na Fórmula 1, Rubinho é “novato” na Indy.  É sua quarta corrida e a primeira vez que corre no Circuito do Anhembi.  Ele se perdeu no caminho e chegou atrasado para a entrevista coletiva.

“Esta é uma semana muito especial para mim.  Nascido e criado em Interlagos, é a primeira vez que saio para correr e vou para o outro lado da cidade, e vai ser a melhor coisa do mundo descer a Marginal Tietê “rasgando” a 300 Km/h sem radar!”.

Em relação ao seu desempenho até agora, falou:  “Admito que achei que a transição seria mais fácil, mas a adaptação está sendo progressiva, melhorando sempre.  Andei muito pouco antes da temporada, e a grande dificuldade que eu tenho sentido é o peso do volante.  A sensibilidade é outra.  Estamos trabalhando pra fazer um volante maior, mas só deve chegar após Indianápolis.  A equipe também ainda está atrás de sua primeira vitória.  O que mais vou fazer é andar o máximo possível nos dois treinos para me adaptar mais ao carro e conhecer a pista.  Toda vez que saio com o carro ainda tenho que lembrar que é para andar em só 12.000 rpm, e não 18.000.  Eu ainda não conduzo o carro como eu quero, mas o carro me conduz”.

“Está sendo um grande barato correr na Fórmula Indy.  A competitividade é muito grande e nos bastidores é tudo muito diferente.  Aqui o público e a imprensa podem chegar perto do carro, filmar, fotografar, o que na 1 é inimaginável.”

BIA FIGUEIREDO
Uma das três mulheres no grid, Bia, que ano passado correu a temporada inteira, por enquanto tem patrocínio para correr somente a etapa de São Paulo e também as 500 Milhas de Indianápolis.  Acertou com a equipe Andretti, uma equipe melhor estruturada que a Dreyer & Reinbold Racing que correu ano passado.

“Esse carro tem mais grip e mais downforce do que o do ano passado.  Nos testes que fiz já fui mais rápida.  O volante é bastante pesado, e senti bastante (observação esta feita pelos outros brasileiros também).  Para essa corrida, tenho a vantagem de já conhecer o traçado, mas a desvantagem de entrar em um campeonato em que os outros pilotos já estão envolvidos desde o início.”

Rubinho e Tony são amigos desde a infância,  Mesmo quando um estava morando na Europa e outro na América do Norte, se encontravam sempre, além de correrem juntos de Kart no final do ano, nas 500 Milhas da Granja Viana.  Agora, correndo pela mesma equipe, os dois parecem duas crianças.  Trabalham sério mas também brincam muito.  Recentemente Rubinho trancou Tony em um banheiro portátil antes da largada, e Tony saiu de lá usando suas forças física, “a la Hulk”.  No trabalho são sérios e trocam informações sobre o comportamento do carro.

A vinda de Barrichello para a Indy alavancou inclusive a venda dos 40.000 ingressos, que se esgotaram durante a semana.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>