Dia 08: 17/02/2013. Puerto Ordaz – Santa Elena de Uairén
Suzane Carvalho
Saí do Hotel Venetur em Puerto Ordaz em direção a Santa Elena de Uairén às 09:40 min e a moto estava com 2.882 km rodados. Eu abastecera mais cedo.
Parei para fazer fotos em El Callao, que é a cidade onde o Carnaval é mais forte na Venezuela e deixei para abastecer em Tumeremo, 55 km à frente.
O mesmo retão no meio do mato em que peguei tempestade de chuva na ida, peguei chuva também na volta, mas desta vez nem cheguei a colocar a capa de chuva, pois lá para frente o céu estava claro.
Cheguei a Tumeremo com 230 km rodados e o primeiro posto de gasolina estava fechado. O marcador de combustível me mostrava 3 tracinhos de 5, mas não seria possível fazer os 460 km sugeridos pelo marcador, mesmo eu tendo andado devagar, e eu já havia feito este teste antes. Fui até o segundo e último posto da cidade, que também estava fechado. Foi quando me deram a informação de que aos domingos, os postos fecham às 12:00. Era domingo, 12:40.
Dessa vez não pensei duas vezes e perguntei para o rapaz se ele sabia quem tinha gasolina (lá, muitos guardam gasolina em casa). Enquanto esperava a resposta, tentei comer um queijo branco na padaria, mas acho que ele era branco de tanto sal. “Meus biscoitinhos, para quê te quero!”
O rapaz então me levou até a loja de um chinês muito simpático, ali mesmo, em frente à padaria, na estrada principal, e ele já estava do lado de fora com um galão me esperando. O chinês, que também é motociclista, me ajudou e não me cobrou nada pela gasolina. Isso mesmo, ele me deu a gasolina. Foi engraçado: um chinês ajudando uma carioca em Tumeremo. Tanto aqui quanto em Guasipati, eu vi mulheres andando de motonetas. Sempre com garupas, também mulheres, e sem capacete.
Parei para abastecer em Rapidos de Kamuiran já às 16:30. Mais uma vez foi divertido nesta parada. Sempre tem os policiais do exército nas bombas de abastecimento e nesta parada, muitas caminhonetes grandes e pequenos caminhões. Chegou uma hora que minha moto e eu estávamos no meio de uma roda de gente. Todos homens.
Rodei até aqui mais 237.9 km e não vi quanto que entrou de gasolina, que me foi dada outra vez.
Subi a serra que leva à Gran Sabana, desta vez sem chuva.
A passagem pela Gran Sabana foi divina. Desta vez, já sabendo como é o caminho, pude curtir mais a paisagem. A cada curva eu exclamava de admiração e andava cada vez mais devagar. Não tinha trânsito e aquela planície gigantesca me dava o sentimento de que o mundo é meu.
Cheguei à Santa Elena de Uairén quando já escurecia e me assustei com a calmaria da cidade, já que em minha passagem anterior a cidade estava abarrotada. Como eu estava faminta, antes mesmo de descarregar fui para a piscina do hotel que era o único lugar onde tinha internet e algo para comer. Encontrei então um grupo 28 viajantes de Porto Velho, em Rondônia. No grupo estava inclusive o dono do Kartódromo de Ariquemes. Eles estavam em 8 motos e 4 carros, sendo quatro Transalp, duas NC 700X, uma BMW GS1200 e uma Harley-Davidson, e haviam feito o mesmo percurso que eu. Ah! Agora entendi porque nunca duvidaram quando, nos postos de gasolina, me perguntavam se eu estava sozinha e eu dizia que não, que meus amigos estavam mais à frente. =)