Categoria Escola de Motovelocidade estreia no Brasil
Suzane Carvalho
A Honda Junior Cup, nova categoria de motovelocidade para pilotos entre 10 e 16 anos, teve sua corrida de apresentação neste final de semana, em Interlagos, junto com a SuperBike Series, campeonato de motovelocidade em que correm quase 200 pilotos nas categorias 1000, 600, 300 e 250 cc.
A iniciativa partiu do piloto e organizador da SuperBike Series, Bruno Corano, que recebeu apoio da Honda, da Pirelli e da MotoSchool, sua escola de pilotagem.
A motocicleta utilizada é uma Honda CG 150 Titan, que recebeu algumas modificações:
– o tanque de gasolina foi trocado por outro mais leve, de alumínio.
– novas pedaleiras, que foram também recuadas.
– a mesa de direção foi alterada e o guidão foi trocado por dois semiguidões.
– o escapamento é outro.
– não tem painel. Ganhará somente um conta-giros.
– não tem retrovisores.
– ganhou carenagem de competição que é uma capa com rabeta.
– tem câmbio invertido.
A mecânica fundamental, ou seja, motor, suspensão, câmbio e embreagem, são originais.
Com pista úmida, os pilotos experimentaram suas primeiras largadas.
Gian Calabrese, instrutor da Moto School há seis anos, foi o “tutor” responsável por passar as primeiras dicas técnicas para a garotada. Eles tiveram uma aula inicial sobre os fundamentos do esporte, equipamentos de segurança e sobre a Honda CG 150 Titan. “Durante a aula, o grande destaque foi para a questão da segurança. Quero que eles tenham consciência no dia a dia que esse esporte é bastante técnico e que exige disciplina e dedicação. Ainda estamos muito no princípio. Estou ensinando a eles a soltarem a embreagem, se equilibrarem na motocicleta, e só depois passaremos para uma parte técnica mais apurada. Eu adoro ensinar; e estar fazendo parte deste grande passo é importante para mim como profissional além de ser prazeroso. Achei que eles estão bem empolgados e reparei que os pais não influenciaram tanto na decisão de vir correr. ”
Já são 17 os interessados. Veja os pilotos que participaram desta etapa de apresentação:
Luiz Octavio Palma Nunes “Pezão” (#4) – 14 anos – ganhou uma moto do pai dos 7 anos e até os 10, “só brincava no motocross onde fiz três corridas Duas com uma cinquentinha e outra com uma 125”. Depois ganhou uma moto maior e há 2 anos tem moto com marcha, mas só andava por diversão. É a primeira vez que está andando no asfalto. “Meu, é maravilhoso! É muito mais rápido e a adrenalina do capacete tremendo na sua cabeça é muito bom! Estou me acostumando com o freio da frente, que na terra não usava. Não pensei que a pista de Interlagos fosse tão grande; quem vê na TV é diferente. Eu não curtia muito Motovelocidade, mas agora que experimentei, é isso aqui. Achei muito da hora! A moto é boa, mas eu sou muito pesado para ela em relação aos outros e perco nas subidas.” Ok, Luiz Octávio, mas ganha nas descidas também.
Rafael Traldi (#134) – 11 anos – Anda de moto desde os 5 anos de idade e fez duas corridas no motocross onde pegou 3° e 4° lugares em 2011. “Meu pai trabalha na motovelocidade, ficou sabendo e eu vim. Eu não conhecia nada, mas foi legal. Comecei a aprender e gostei. Eu só via a pista na televisão, Fórmula 1, agora eu conheci. Bem legal! Para essa primeira corrida eu vou ficar feliz se chegar em último ou primeiro, porque eu sou um aprendiz e pra mim tanto faz, eu só tô começando.” A mãe Luana, que acompanha todos os movimentos do filho, falou: “Eu tenho que aceitar. Ele falou para mim que queria e que se eu não apoiasse, ele viria do mesmo jeito.”
Lucas Torres Mercado (#46) – 14 anos – É a primeira vez que anda na pista. De vez em quando andava na rua em uma 250 do tio. Só experimentou o motocross duas vezes com a moto de um amigo. “Meu tio corre no SBK e minha tia resolveu me colocar pra ver se vou bem. Espero fazer todas as corridas, porque é um pouco caro. Se a gente cair e quebrar, paga também. Eu espero que daqui para frente eu possa ser um piloto profissional.”
Enzo Paschoalin (#114) – 11 anos – Filho do piloto Rafael Paschoalin: “escolhi o número 114 porque meu pai corre com o 113 e eu quis dar continuidade. Eu comecei a andar de moto com 3 anos, mas eu não ando muito porque a moto fica na casa do meu pai. Nunca corri e esses foram meus primeiros treinos. Eu gostei de Interlagos. Não é muito fácil, mas vou fazer o máximo para chegar pelo menos em terceiro. Eu quero continuar e correr todas as etapas. Ser baixinho só atrapalha na largada porque não consigo colocar o pé no chão. Deu um frio na barriga, mas é muito mais legal que eu pensava.”
Bruno Marzola (#666) – 16 anos – já com namorada à tiracolo, andou de moto pela primeira vez aos 9 anos com uma chopper pequena. Nunca andou na terra nem na pista. “Estou andando pela primeira vez. Acho que não tenho vantagem pela minha idade porque eles são mais leves e as motos vão mais rápido. Mais alto e mais pesado, é pior. Meu pai viu que ia ter o campeonato e fez minha inscrição.”
Davi Gomide (#31) – 11 anos – andou de moto pela primeira vez aos nove. Esta está sendo a primeira corrida e vai fazer o campeonato inteiro. “Não tenho muita experiência. Eu andava com uma cross 110 e está sendo uma experiência nova andar com uma moto mais forte. Tive problemas com a embreagem no treino e a moto morreu sozinha na subida do Café (na verdade, ele deixou o giro muito baixo e por isso a moto morreu). A frenagem no fim da reta é depois dos 20 metros. É só dar um toquinho no freio e ela para. É legal, muito legal. É uma sensação muito legal! A sensação de liberdade é demais. No final da reta, tentei abaixar o tronco como fazem os pilotos e a moto deu uma balançada.”
O objetivo da categoria escola é iniciar jovens pilotos na motovelocidade, com foco na experiência, segurança e na capacitação técnica, preparando assim, novos pilotos que possam se destacar no esporte e representar nosso país em campeonatos mundiais.
Sem dúvida que, independente do resultado nas pistas, a motovelocidade é um esporte que prepara uma pessoa para enfrentar as mais diversas situações e a tomar decisões rápidas, além de treinar reflexo e raciocínio e disciplinar os praticantes.
Serão sete etapas: três em Interlagos, uma no Velopark (RS), uma em Cascavel (PR), e duas em Santa Cruz do Sul (RS).
O valor de participação, incluindo moto, mão de obra, pneus e combustível é de R$ 3.000,00 por etapa.
Não esqueçam: meninas são também bem-vindas!
CLICANDO AQUI você verá uma galeria de fotos completa da etapa de apresentação da Honda Junior Cup.