Blog da Suzane Carvalho

Categoria : OPINIÃO

Dia 07: 16/02/2013. Puerto Ordaz
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Suzane Carvalho

Cansada da viagem, acabei dormindo lá pelas 22 horas enquanto escrevia.

Uma e meia da manhã tocou o alarme de incêndio em meu quarto!  Inicialmente pensei que fosse somente no meu quarto.  Então liguei para a recepção para avisar de que era no meu quarto que o alarme estava tocando.  Mas não atenderam.  Foi quando percebi uma movimentação no corredor.  O alarme estava tocando em todo o hotel.  O susto foi grande, mas o alarme foi falso.  Faltou luz em toda a região e o alarme disparou.  Isso porque o hotel está na represa da Hidrelétrica Macagua.  Ficamos no escuro até amanhecer, e a essa altura não consegui mais dormir.  Lanterna para quê te quero.

Estádio Cachamay

Tomei café cedo e saí para conhecer a cidade.

Até aqui, com 2.800 km rodados, a NC 700X continua nova.  As rodas não desbalancearam com os buracos que peguei, não mudou a regulagem de pedais e manetes, não afrouxou a corrente e não gastou pneus nem pastilhas de freios, já que estou andando de forma moderada.

 

Abasteci.  Com esse tanque andei 276.7 km e coloquei 11,17 litros, média de 24,77 km/l.  Note que o trecho foi todo em subida em alta velocidade. Preço total: 1,10 bolívares, que é o mesmo que 0,11 de real de acordo com o último câmbio que fiz.

Salto La Llovizna

Puerto Ordaz é a quinta maior cidade da Venezuela e fica localizada no encontro dos rios Orinoco e Caroni.  Tem siderúrgicas de ferro e de alumínio, e por isso a quantidade de brasileiros ali é bastante grande.  Tem até outro consulado nosso lá.  É uma cidade planejada e tem diversos parques, além da hidrelétrica.

Fui visitar o Parque La Llovizna onde tem a catarata de mesmo nome.  O parque e bastante interessante, com diversas ilhas que podemos caminhar entre elas por sobre as pedras.  Isso só é possível em época de seca, como agora.

Aproveitei o final da tarde para escrever e editar as fotos.

 

 

 


Dia 06: 15/02/2013. Puerto La Cruz-Puerto Ordaz
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Suzane Carvalho

Optei por trocar os dois dias livres que eu teria em Margarita por um dia em Puerto Ordaz e outro em Gran Sabana, afinal, sou nascida, criada e vivida na praia e mal tive tempo de olhar para as belas paisagens  da grande planície nem de ir a nenhuma cachoeira.  Para mim, ver as comunidades indígenas será muito mais proveitoso, e acredito também que conseguirei melhores fotos por lá.

Saí às 09:50 min.  Km da moto: 2393.  A viagem tem 260 a menos.

Peguei um trânsito muito pesado na saída de Puerto La Cruz.  Demorei uma hora e dez minutos para percorrer 22 quilômetros.  O que percebi aqui é que a densidade demográfica nas cidades é muito grande e a do restante do país, muito pequena.  Por todas as cidades que passei parecia que tinha mais gente que espaço.  Já as comunidades indígenas me pareceram tranquilas.

A estrada até Puerto Ordaz, onde a concentração de brasileiros é bastante grande, é uma reta só e em mão dupla.  O asfalto está bom e não tem radar.  Não é preciso nem falar em que velocidade andam por aqui: muito alta!  Mas o importante é nossa responsabilidade e consciência de segurança no trânsito, o que infelizmente não são todos que têm. E as estradas daqui são muito perigosas.

E como era 6ª feira, era dia de descida para o litoral.  Eram tantos carros ultrapassando um ao outro, e vindo em minha direção, que cheguei a me perguntar se EU não estava na contramão.

Não deu outra.  Vi um lamentável e terrível acidente.

É uma pena que alguns motoristas não entendem que não podem ser mais fortes que uma batida a mais de 120 km/h e que a prepotência ainda seja dominante em alguns.

Curioso é que em El Tigre, uma cidade que tem um trânsito muito louco, e em Guasipati, eu vi mulheres pilotando motonetas.  Sempre com garupas mulheres e sem capacete, que aqui eles quase não usam.  Em motos maiores utilizam mais o do tipo “coquinho”, e desamarrado.  Até mesmo a polícia usa esse tipo de casco.

Após rodar 160 km abasteci em El Tigre.  Em todas as vezes que abasteço, sem exceção, derrubam gasolina na moto.  Então a água que carrego no baú da moto serve também para lavá-la após cada abastecimento.  Entraram 6,3 litros de gasolina premium que tem 95 octanas, a mesma da Podium da Petrobras, mas que aqui custa Bs 0,097litro  e deu um total de Bs 0,60 que não me cobraram.

Fiz um total de 420 km e cheguei a Puerto La Cruz ainda de dia.

Consegui um belo desconto para ficar no andar VIP (saiu por volta de R$ 110!) do Hotel Venetur Orinoco.  Esse sim, um verdadeiro 5 estrelas.  O apartamento era de frente para o Rio, com um visual belíssimo.

Deu tempo ainda de tomar um chocolate quente e fotografar os macaquinhos que ficam por ali no hotel.

 


Dia 05: 14/02/2013. No Mar do Caribe
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Suzane Carvalho

Na Ilha Arapo, ao norte da Venezuela

Finalmente um bom café da manhã!

Comi 7 ovos com tomate (sem gema, sem sal, sem gordura), sucrilhos integrais sem açúcar, suco, salada de frutas, pão integral, queijo minas.

Tenho acordado entre 6 e 6:30 todos os dias para escrever.  À noite, coloco as novidades no ar e envio algumas fotos para meus seguidores no Twitter e Facebook.

Isla de Plata

Hoje deixei a NC descansando.
A moto é fantástica!  Depois de 2.000 km, nem a corrente afrouxou!  Já testei motos que tinha que apertar corrente a cada 500 km.  O câmbio é robusto e dá uma firmeza muito boa.  Até a transmissão primária trabalha redondinho.  Dá para sentir o torque nela.  Falando de torque, a NC tem o suficiente para qualquer ultrapassagem em qualquer marcha.  Mesmo em 6ª marcha, que foi apresentada como “super over-drive”.  É só você acelerar que ela ganha velocidade e força rapidamente.  São 52,5 cv de potência e 6,4 kgf.m de torque, mas a maneira como são despejados, rapidamente,  faz parecer que é mais.  Em nenhum momento senti falta de motor.

Uma das vantagens de se viajar com essa moto é que além de ela nos dar o que precisamos de motor, ela é superleve para manobrar.  Não precisei de ajuda nenhuma vez, mesmo com as malas em cima.  O banco fica a 83,1 cm do chão.

Voltada para o uso urbano, ela tem sido bastante utilizada para viagens também.  No caminho encontrei outros viajantes utilizando uma Honda NC 700X, inclusive um venezuelano de Caracas.

Enquanto esperava a resolução burocrática fui fazer um passeio de barco por algumas ilhas e tive que comprar um biquíni.  Pode parecer uma frase sem sentido, mas para mim, carioca e naturista, comprar um biquíni em um hotel cinco estrelas na Venezuela, é um tanto excêntrico.

Mergulhei no Mar do Caribe pela primeira vez.

No barco estávamos apenas eu e um casal com um bebê.  Ele libanês, ela venezuelana e o bebê, com apenas 10 meses.

O mar estava muito mexido mesmo, e o “capitão” não cortava as ondas na diagonal, mas sim, batia de frente em todas elas.  O barco pulava e dava altas pancadas na volta.  Tive a impressão de que iria desmontar de repente.  Ele devia estar se divertindo com nossas caras de pavor.   Mas não ouvi um “pio” do bebê a viagem toda, que adorou o passeio e até dormiu naquele pula-pula.

Isla Arapo

A água realmente é clara e a temperatura estava amena, mas não quente.  Nas ilhas tinha muita sujeira, talvez por causa do grande movimento do Carnaval.

Vi belas paisagens e fiz boas fotos.

Na volta fui dar uma volta na avenida litorânea de Puerto La Cruz, o Paseo Colon, que mais parece a Avenida Atlântica.  Com barraquinhas de camelôs vendendo todo o tipo de coisa, muita gente andando, muita criança brincando.  Me senti a própria turista, com medo de roubarem minha câmera fotográfica.

O clima me foi super convidativo para uma corridinha.  Meu corpo estava sentindo falta.

Dei também uma volta por um centro popular, bem parecido com a Rua 5 de Março em São Paulo, lavei a moto e jantei no restaurante japonês do hotel.

Veja abaixo meu circuito do dia.


Ilegal na Venezuela!
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Suzane Carvalho

Cheguei ao ferry para ir à Ilha de Margarita ás 18h30min.

Foi muito fácil comprar o ticket para mim e para a moto, que paga quase o dobro que eu, por ser acima de 500 cc.  O ferry sairia às 21 h.

Com a passagem e a documentação em mãos, fui para o guichê do SAIME – Servicio Administrativo de Identificación, Migración y Estranjería – para controle da docuentação.  Foi quando o rapaz me informou: “Você não pode embarcar para Margarita, pois não tem no passaporte o selo que te permite ficar na Venezuela.”  Ou seja, eu estava ilegal na Venezuela!

Quando se entra na Venezuela, é preciso parar no SENIAT – Servicio Nacional Integrado de Administración Aduanera y Tributaria para pagar um seguro e pegar o selo que te permite circular pelo país.

Acontece que, viajada e experiente que sou, tendo já morado na Inglaterra e Itália, rodado toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, México e Argentina, de carro e moto, inclusive, sigo as regras do país e faço o que me falam para fazer.  Então eu fiquei esperando o lugar onde fossem me parar para me dar essa permissão, o que não aconteceu.  Na verdade, EU tinha que parar e ir lá no prédio, que na verdade, nem prestei atenção porque estava prestando atenção no trânsito que estava intenso e nos policiais, esperando que me fossem parar.

Ali na fronteira do Brasil com a Venezuela, todos passam de um lado para o outro sem serem parados.  Da mesma forma que com as fronteiras da Argentina e do Paraguai, junto a Foz do Iguaçu.   E por ser Carnaval, o tráfego estava realmente intenso.

Só que não me disseram o que fazer para resolver a situação.  Fui então para o Hotel Venetur, e a partir daí, fiquei até com medo de que, quando pedissem meu passaporte e não vissem o tal selo, chamassem a polícia.

O hotel é um cinco estrelas, com um visual lindo para o mar, mas que está com o equipamento bastante velho.

Entrei no site do Itamaraty  (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) e peguei os telefones do Consulado Brasileiro na Venezuela.  Não consegui falar em nenhum dos telefones, então enviei um e-mail.  Meu e-mail foi prontamente respondido pelo Cônsul-Geral do Brasil em Caracas, o Sr. Lineu de Paula, que me passou o número do celular dele.  Fui muito bem atendida, e o problema resolvido, já que ele conseguiu junto à Imigração venezuelana, que também me atendeu muito bem, um documento que me permitia circular pelo país pelos próximos 10 dias.


Dia 04: 13/02/2013. Trecho Upata-Puerto La Cruz
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Suzane Carvalho

Ponte Orinoco, em Puerto Ordaz.

Amanheci em Upata.  Já pode ser considerada uma cidade, mas ainda sem Shopping Centers do jeito que conhecemos ou cadeias de fast food.

O Hotel Andrea não tem café da manhã.  “Biscoitos integrais” para que te quero!  Viu porque minha mala é grande?

A internet era só na recepção do hotel, então desci para enviar as fotos e vídeos para o servidor, o que não consegui, pois a transmissão de dados era muito lenta.

Após isso, fui dar uma geral na moto: limpar faróis e lanternas, verificar o óleo do motor, a água do radiador, a tensão da corrente e lubrificá-la.  Estava tudo 100%.  Nem a calibragem tinha saído do lugar.

Aproveitei para abastecer, já que o posto de gasolina ficava em frente ao hotel.  Mas tinha que fazer o retorno que ficava a 200 metros.  BLITZ!  DOCUMENTOS!  xiii…. eu tinha deixado tudo no hotel.  Desde que comecei a programar esta viagem e durante todo o percurso até aqui, escutei histórias assustadoras sobre os policiais venezuelanos.  Tem os do exército, tem os federais, os estaduais e os municipais.  Estes últimos que me pararam.  Pela primeira vez desde que entrei em solo venezuelano.

Expliquei que estava naquele hotel ali, uns 70 metros da blitz e que se quisessem eu iria lá pegar os documentos.  Até que foram simpáticos comigo.  Acho que ficaram mais interessados na moto que em qualquer outra coisa.
Mas no final um deles me perguntou: “No tienes nada ahí para nosotros, um juguito…” (“não tens nada aí para nós, um suquinho…”).  Respondi: “No, pero si quieres, tengo gorito de Honda.” (“Não, mas se você quiser tenho um boné da Honda”).  E me liberaram.

Saí de Upata já às 12:10 min.
Km da moto: 1.924.  A viagem tem 260 km a menos.  Vou até El Tigre e de lá para Puerto La Cruz dando um total de aproximadamente 440 km.

Continuo com o propósito de andar em segurança  e economizando equipamento.  Ando sempre ali por volta dos 4.000 rpm que é onde a NC 700X fica com o motor mais suave.

Depois da ponte Orinoco, em Puerto Ordaz tem uma reta de aproximadamente 120 km com pinheiros de ambos os lados, muito bonito.  O asfalto é perfeito e tem acostamento, porém, mão dupla.  Extremamente perigoso, já que todos correm muito.

Reta com 120 km e asfalto perfeito, mas é mão dupla.

Até El Tigre deu 280,5 km.  O trânsito da cidade é muito louco, com carros virando para todos os lados.

Abasteci 11,41 litros preço total: Bs 1,10 O litro custou Bs 0,10 o que significa R$ 0,01!  A média do consumo nesse trecho foi de 24,56 km/l.

“Pan y queso en una panaderia”

Parei em uma padaria para comer pão com queijo.  Tomei também um suco cheio de açúcar! Sugestão do policial da blitz.

Saindo de El Tigre, mais retas.  Enquanto percorro as longas retas aproveito para fazer exercício de isometria de abdômen, glúteos e às vezes até das pernas.

Esse trecho final para Puerto La Cruz é a descida para o litoral e a estrada está esburacada.  Peguei dois buracos em cheio e a suspensão da NC foi perfeita.   O guidão nem mexeu.

Andando com batedores

Em um dos postos de controle a polícia estava parando o trânsito para andar em comboio para controlar a velocidade.  Foram 100 km andando com batedores e entre 50 e 60 km/h.

Cheguei a Puerto La Cruz às 18 horas.  O que aconteceu, conto no próximo post.

Veja meu percurso de hoje:


Dia 03: 12/02/2013. Trecho Santa Elena de Uairén-Upata
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Suzane Carvalho

Gran Sabana

Acordei às 06:30 em Santa Elena de Uairén e hoje vou cruzar a Gran Sabana até Puerto Ordaz.

O café da manhã do hotel começava somente às 07:30 e tinha um monte de gente do lado de fora do quiosque esperando.  Quando liberou, não deu para todo mundo sentar.  E eram eles que serviam.  Depois de esperar um tempão, vi que se eu fosse tentar comer, perderia mais de uma hora. E não tinha nada assim… propriamente saudável.  Outra vez, “meus cereais” pra quê te quero!

Saí para abastecer e trocar dinheiro.  Troquei  1 Real a 8 Bolívares e 1 dólar a 16.

Lá eles oferecem gasolina nas ruas conforme você vai passando.  Não entendi o porquê, se a gasolina é tão barata: R$ 0,10/litro.

A marca de moto que domina por aqui é a Empire  Keeway.  Tem para todo lado.  Tem muitas motos personalizadas também.

Perdi quase duas horas procurando lugar para abastecer.  Lugar tinha, mas eles não quiseram abastecer minha moto, dizendo que com placa do Brasil não pode abastecer.  Então perguntei como faria, já que não tinha mais gasolina nenhuma.  Eles disseram que eu tinha que voltar para o Brasil para abastecer.  Como assim?!?  Se vou para o norte, tenho que voltar para o Brasil toda vez que o tanque de gasolina acabar?  Bem inocente eu.  Isso é para que os brasileiros não atravessem a fronteira com um caminhão pipa para encher de gasolina.  Ou os inocentes são eles que acharam que eu queria roubar a gasolina deles com a minha moto???  Então entendi porque oferecem gasolina nas ruas e por muito pouco mesmo não comprei, pois fiquei com medo de ter pane seca novamente, além de ter que andar 20 km  para trás e voltar outros 20.

No hotel, tive que pagar por duas pessoas, mesmo sendo só uma, já que no quarto haviam duas camas.  Recebi duas pulseirinhas para dois cafés da manhã, que não tomei.

No final das contas, saí de Santa Elena de Uairén já mais de meio-dia.  Já rodei até aqui 1095 km e rodarei mais 600 hoje.

Bastaram 5 km para que a paisagem me fizesse esquecer o stress do combustível.  15 km mais à frente, aparece a primeira cachoeira.

Aqui é o Parque Nacional Canaima e esta região é terra dos índios San Marcos.  Os mesmos índios São Marcos que ficam em Roraima, na região perto da fronteira.

Aqui eles alugam ocas para os turistas ficarem.  Tem diversos “paradores turísticos”.

Por aqui quase não tem placa indicativa e tenho que  parar muitas vezes para perguntar, pois é regra: sempre depois de uma placa vem uma bifurcação sem placa.

A impressão é a de que toda a parte sul da Venezuela ainda está por ser habitada.  Na verdade, ainda são terras indígenas.

Parei para abastecer em Rapidos de Kamuiran. Rodei 163,4 coloquei 6,1 litros km 1.241,6 km rodados  total da moto: 1.527

A paisagem é lindíssima, ampla, e a sensação de liberdade e paz, gigantesca.

Se quiser sentir um pouco dessa liberdade, venha na minha garupa clicando aqui.

No trecho final tem uma serra de mato fechado que é divina.  Desci debaixo de chuva.  Aventura para ninguém botar defeito. Se você quiser sentir um pouco dessa emoção, venha comigo clicando aqui.

Logo após a descida passei por duas comunidades chamadas San Izidro e Las Claritas, um tanto assustadoras.  Muito buraco, lixo na rua e apertado para passar. Parei para tirar a câmera do capacete que estava chamando muita atenção.   Ali é bem fronteira com a Guyana.  Depois desse trecho começaram as retas.  Inicialmente fazendas, depois virou mato fechado.

Rodei mais 235,8 km e cheguei a Tumeremo já às 17 horas e faltam ainda 220 para chegar a Puerto Ordaz.

No trecho que peguei a seguir choveu muito muito forte mesmo, tempestade.  A moto foi perfeita.  Eu não podia nem pensar em parar, pois era mato fechado, mão dupla e sem acostamento. Dessa vez coloquei a parte de cima da capa.  Passei por El Callao onde estava tendo festa de Carnaval e uns venezuelanos que estavam no mesmo hotel que eu em Santa Elena de Uairén pediram para tirar foto comigo. Ele é editor de uma revista e me pediu para enviá-lo minhas aventuras por aqui que ele quer publicar.

Às 18 horas escureceu, e por isso o presidente Chaves definiu o fuso horário de 30 minutos, para que o dia termine às 18 horas.

Cheguei a Upata já às 19:30.  Eu não queria rodar à noite e nem é recomendado, mas não tive jeito.  Esses últimos 100 km fiz em uma hora e meia, pois era outra serra fechada.  Pude então testar o farol da Honda NC 700X, que achei que nem fosse testar.  O pessoal da Honda de Manaus já havia regulado para andar com peso e foi perfeito.  A visibilidade do painel é fantástica e do jeito que eu gosto: preto no branco.

Parei em um hotel que por duas vezes já haviam me indicado, ali na estrada mesmo, chamado Hotel Andrea.  É um hotel antigo mas tem internet na recepção.  Tive que pagar por três, já que só havia quarto com 3 camas.  Paguei 380 bolívares = 44 reais.

Bem embaixo do hotel tem um restaurante chinês grande e bem movimentado e comi ali mesmo, pois não via comida desde Manaus. Consegui que eles fizessem uma massa com frango e legumes, sem sal. =) Sem suco nem água me saiu 100 bolívares.

Desde a fronteira com o Brasil até essa região, a população é praticamente de índios.  A estrada está muito boa, mas é sempre em mão dupla e sem acostamento.

Foi um dia de muitas emoções, mas em que tudo deu certo.  \o/

Até aqui nenhum policial me pediu documento, ninguém me parou.

Clicando na imagem abaixo você poderá ver as velocidades em cada trecho.


Dia 02: 11/02/2013. Trecho Rorainópolis-Santa Elena de Uairén
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Suzane Carvalho

Praia no Rio Branco

Acordei bem cedinho e após o café da manhã na beira da piscina (é, o Hotel Amazônia Palace tem piscina e tudo!), fui abastecer.

A previsão é de que vou rodar nesta viagem aproximadamente 5.000 km que é a durabilidade prevista para este pneu Bridgestone Batlax SportTouring aro 17″ tanto na dianteira quanto na traseira.  Eu trouxe calibrador e óleo de corrente.  A calibragem recomendada é 36 na frente e 42 atrás, que é a que eu saí de Manaus.  Normalmente utilizo calibragem mais alta, mas como devo pegar alguns trechos de terra, deixei a original mesmo.

Saí de Rorainópolis às 09:47 min.  Peguei um pequeno trecho de terra batida e o comportamento da moto foi perfeito.

Nessa região, o meio de transporte motor mais utilizado é a motocicleta mesmo.  Tive a impressão de que todas as Biz do mundo estão por aqui!

Mesmo em chão de terra batida, e com carga, a suspensão da NC foi perfeita.

Passei por Caracaraí onde tinham dois postos de gasolina.

Km 688 da viagem e estou chegando a Iracema, que também tem posto para abastecer e fica 95 km antes de Boa Vista.

A passagem pelo Rio Branco é muito bonita e o asfalto nesse trecho é novo e perfeito, com acostamento e tudo.  Muito melhor que as estradas do estado do Rio de Janeiro.

Km 727 – Mucajaí.  Faltam 53 km para Boa Vista, mas como o nível da gasolina entrou na reserva, não irei arriscar novamente e vou abastecer logo.  Tem Supra e coloquei.  A moto está com 1012 km rodados e andei 244.8 km com 11,15 litros: média de 21,88 km/l.  De fato, neste trecho eu acelerei mais.

Peguei o jeito de tirar e amarrar as malas rapidamente.  A colocação da lona é que demora mais, mas é preciso por causa da chuva.  É legal porque enquanto desamarro e amarro as malas sempre tem um monte de gente à minha volta conversando, perguntando, e aproveito para pegar dicas de como está o caminho pela frente.  Por duas vezes já me deram informações erradas, mas tudo bem.  É bom ter informações, mas sempre tenha outras opções na cabeça.

Como eu estava com muita fome, acabei comendo um sanduiche desses que contém sódio suficiente para te nutrir por um ano.

Em Boa Vista, uma parada para fotografar o Rio Branco.  Do último abastecimento até aqui andei somente 66,8 km, mas aproveitei para abastecer novamente porque a próxima parada deverá ser somente em Pacaraima.

Passei por lindas praias de rio.  Em uma parada para beber algo, já que o sanduiche me deu muita sede, encontrei outros viajantes com uma NC 700X.  Era vermelha, estava com 15.000 km rodados, tinha protetor de manetes também vermelhas e a suspensão dianteira rebaixada.  Estava bem bonitinha e os donos ficaram de olho na preta.

Km da moto: 1.306.  Andei 227,2 desde o último abastecimento, cheguei a Pacaraima, última cidade do Brasil.

Cruzei a fronteira para a Venezuela em Santa Elena de Uairén e estranhei porque aqui não pedem documento ou passaporte.  Todos entram, todos saem, de um e de outro país sem precisar carimbar passaporte.  O trânsito de pessoas circulando na fronteira é bastante grande.  Igualzinho ao Paraguai.

São agora 17:20 min, está chuviscando e escurecendo.  Não tinha vaga no hotel que eu havia reservado, o Gran Sabana.  Logo que parei a moto encostaram em mim e me ofereceram câmbio antes mesmo de eu tirar o capacete, por 8,9 bolívares 1 real.  Como “carioca experta”, claro que não dei meus reais para o primeiro que me apareceu.  Fui para a segunda opção de hotel, o Anaconda.  Tinha apenas um quarto e uma fila de gente atrás de mim procurando por quartos.  A recepcionista disse que eu podia pagar em real mesmo, R$ 94,00 e fez o câmbio a 8.

O hotel é bonitinho, parece um resort, mas “só para inglês ver”, porque não tinha tapete no banheiro, nem internet no quarto, nem secador de cabelo, nem tomada para carregar as baterias.  Tive que desligar a TV e arrastar a cama para lá para colocar as coisas em cima.

Celular serve de controle remoto da câmera fotográfica. Ambos da Samsung. Muito bom!

O que me faz perder mais tempo é desarrumar e arrumar a “fiarada” toda para colocar os eletrônicos para carregar.  São duas câmeras fotográficas, a GoPro, dois celulares, um GPS, o Garmin, o mp3 player, fora o notebook.  Os celulares me servem como rastreadores, como GPS, como gravador e como controle remoto das câmeras fotográficas.

Santa Elena de Uairén não é propriamente uma cidade.  No restaurante do hotel que abriu das 20 às 22, só tinha um prato: “llomitos con papas fritas”, ou seja, filé com fritas, o que não como.  Estava chovendo e muito escuro na rua, então peguei carona até o “centro” com um casal de brasileiros que também queria jantar.  Enquanto eles comiam em um quiosque na pracinha, dei a volta em quase toda a cidade e não encontrei nada que eu pudesse comer.  Na noite anterior eu já havia comido panqueca de carne moída e até topei comer pizza, mas o rapaz, brasileiro, disse que demoraria mais de uma hora.  Só comprei água.  Quando voltei ao hotel, tomei o whey protein e comi cereais que eu trouxe.

VEJA AQUI meu percurso de hoje.


Dia 01: 10/02/2013. Trecho Manaus-Rorainópolis
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Suzane Carvalho

Saindo de Manaus para Rorainópolis às 10:42 min com a Honda NC 700X que está com 260 km.

O propósito da viagem é o passeio, a aventura, o sentimento de liberdade, fazer lindas fotos, experimentar a NC 700X em todas as situações e contar tudo para vocês.  Para tal, é importante andar sempre em segurança, tanto com o equipamento da moto, o pessoal e na maneira de pilotar.

Na hora que fui amarrar o GPS da Foston que comprei para levar, percebi que ele não fica ligado. Eu o havia testado por dois dias seguidos e o deixei carregando a noite inteira, mas nada de ele ficar ligado.  Acho que foi a atualização do firmware que causou isso.  Como solução, amarrei meu celular Galaxy SIII que está com um mapa  para navegação por GPS off-line da Sygic.  O problema é que a bateria não dura muito.

Em 24 horas com a NC 700X meu relacionamento com ela já é outro.  Esse bagageiro na frente cabe tudo e mais um pouco.  Só que depois que amarrei tão bem amarradas  minhas malas, lembrei que terei que tirar tudo para abastecer.  Tudo bem.  Faz parte, da mesma maneira que faz parte carregar baterias dos eletrônicos, calibrar, lubrificar corrente, usar roupa pesada, pegar chuva, etc… Se meu espírito não fosse aventureiro eu não faria uma viagem como essa.

Na hora que eu estava colocando o capacete começou a chover.  Tive que proteger o celular porque à chuva, com certeza ele não resiste e fiquei sem o GPS visual para sair de Manaus.

O trânsito de Manaus é fo… go.  Pesado e não tem placas de sinalização.

Choveu muito mesmo na saída de Manaus.  As ruas mais pareciam rios, e a NC passou sem nenhum problema.

Passei pelo marco zero e então começou a viagem propriamente dita.

Decepção 1 – O GPS da Foston que eu já havia testado, não funcionou.

Decepção 2 – a bateria extra que comprei para a GoPro e seria para funcionar como uma extensão da bateria principal, descarregou-a e fiquei sem câmera de vídeo para gravar o caminho nesse primeiro dia.

DICA 1 – tudo o que você comprar de acessórios e eletrônicos para a viagem, teste-os bem antes.  Dos três aparelhos que comprei, dois não funcionaram mesmo tendo-os testado antes.  Acredito que por causa das atualizações de firmware (sempre temo essas atualizações).

Comecei a andar na BR 174 debaixo de muita chuva e muito vento.

Km 43,5 – tinha Polícia Rodoviária e eles estavam na pista.

Km 59 – blitz no meio da estrada e vim de longe tentando entender se era verdadeira ou falsa.  Passei sem problemas.

A partir do km 70 parou de chover forte e o céu clareou um pouco.

DICA 2 – quando estiver ventando muito, ande com o giro do motor mais alto para aproveitar melhor o torque.

DICA 3 – Uma estrada como esta que é estreita, em mão dupla e com pouco movimento, é muito perigosa.  A atenção tem que estar quadruplicada e ter olhinhos de radar mesmo.  Acontece que, por ser quase que deserta, a maioria das pessoas acabam esquecendo que tem outras pessoas e não olham em retrovisor, não dão seta, esse tipo de coisa.  Tem carro retornando em cima da pista, muito carro saindo de caminhos no meio do mato e tem que diminuir a velocidade sempre que se vê um desses caminhos, pois além de poder sair um carro ou caminhão que não te vê, sempre tem lama cruzando a pista.  E sabe… lama, terra, em cima de asfalto, em curva… se você estiver rápido, é chão na certa.  O ABS nessas condições dá uma segurança maior, claro.

É preciso desacelerar sempre nas muitas subidas, pois não é difícil vir um carro ultrapassando outro.

Estou agora próximo a Presidente Figueiredo.  Parou a chuva e estou encharcada.  Sim, comprei uma capa de chuva nova para a viagem, mas, para variar, ela estava debaixo da lona.  Eu não me importo de me molhar, contando que a cabeça e os pés continuem secos.  E não esteja frio.  Mas na próxima parada irei colocá-la dentro do baú da moto. =)

Chegando a Presidente Figueiredo tem um posto de gasolina.  Se você for fazer a viagem para esses lados, dou a dica de sair de Manaus cedinho e passear por algumas cachoeiras da região e o Parque Municipal das Orquídeas.

Até o km 134 o asfalto estava perfeito.  A partir daí, alguns remendos, mas pode ser considerada boa a estrada.  Estou no posto de gasolina no km 201 e a entrada da reserva é daqui a 7.  Tenho 240.8 km rodados com esse tanque, e como pretendo ir devagar, deve dar para cruzar a reserva, que tem 100 km.

Na entrada da reserva dos índios Waimiri Atroari tem uma oca onde se vende artesanatos feitos pelos índios.  Parei ali pensando em fazer uma foto e perguntei para o rapaz que veio até minha moto.  Ele não falava português.  Então ele perguntou para outro, que estava lavando uma Mitsubishi L200 branca novinha, e a resposta foi não.  Nem na lojinha eu pude tirar fotos.  Eles solicitam que não pare nem tire fotos na reserva.

1° abastecimento da NC 700X: andei com um tanque, exatos 350 km.  o tanque tem 14 litros.  Deu média de 25 km/l.  Me enganei em relação à extensão da reserva.  Não são 100 km, mas 130.  Então… fiquei sem gasolina enquanto passava por lá!  Demorou uns 10 minutos para passar um carro.  Passaram dois, voando, já que o asfalto ali está novinho.  Depois vieram mais dois, e o segundo parou.  Como sou uma menina de sorte, ele tinha um galão com 60 litros de combustível na caçamba!  Não deu 3 minutos e chegou um indio em sua Silverado. O rapaz explicou a ele que estava me ajudando e tudo bem.  Transferimos uns três litros para a moto, e segui viagem.

De Manaus até o hotel em Rorainópolis deu 498 km.  O hotel Amazônia Palace em que fiquei é simples, mas é novo e bem ajeitadinho.  Recomendo.   Tem wireless no quarto, piscina, água quente, TV com 8 canais, café da manhã, e é simpático.

Devido à chuva, não deu para fazer muitas fotos.

Clique na imagem para ver o trecho que percorri em detalhes.


Expedição sobre duas rodas – Preparativos
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Suzane Carvalho

A ideia de fazer este roteiro surgiu em julho do ano passado quando fomos para Manaus para o lançamento de alguns modelos da Honda.  O trajeto para a pista de testes, no meio do mato e com bom asfalto, me foi convidativo e perguntei ao motorista a distância até o norte da Venezuela, e se era asfaltado até lá.  A partir daí comecei a trabalhar para viabilizar a viagem conciliando minha agenda, que é bastante complicada, com a viabilização de uma moto.

A Honda me entregou a NC 700X na fábrica, em Manaus.  O pessoal de lá me deu bastantes informações sobre o trajeto que eu iria fazer, como onde tem posto de gasolina, hotel para ficar, essas coisas.

Logo que vi a moto achei-a linda.  Não tinha visto ainda a preta.
É normal eu ter reações um pouco diferentes quando eu pego uma moto ou um carro para um teste mais longo, do que foi no lançamento.  No lançamento geralmente estou com olhos mais críticos e procurando avaliar o máximo em um curto espaço de tempo, que geralmente é insuficiente.  Quando pego um veículo para conviver com ele, a relação é mais íntima.
Pedi para endurecer a suspensão traseira ao máximo, já que levarei bastante peso atrás.

SEGURANÇA
Antes de mais nada, ter uma moto segura, que dificilmente terá algum problema mecânico.  O roteiro tem muitas regiões desertas, muitas retas longas e serras.
Depois, ter um equipamento pessoal também seguro: um bom capacete, luvas, botas e vestimentas.

O QUE LEVAR
Estou levando  tie-lap de diversos tamanhos, fitas adesivas, faixa refletiva para colocar na traseira da moto, ferramentas, lona para cobrir a bagagem, fita dupla-face, borrachas para proteger a pintura da moto, estilete, canivete, tesoura, duas lanternas, capa de chuva, tripé, joelheiras e cotoveleiras, além de dois reparos de pneus.
Levei também óleo para colocar na corrente, lâmpadas e manetes sobressalentes.
Dois GPSs e dois rastreadores.
Água para beber, cereais, whey protein e barrinhas de cereais.
Cadeados, protetor solar, necessaire para os 10 dias.

O QUE NÃO LEVAR
– chave de casa
– talão de cheques
– secador de cabelo

COMPORTAMENTO
– roupa de forma que não pareça ser mulher.  Levei meu macacão mais leve só para os passeios.
– abri mão da balaclava de dois olhinhos e usarei a aberta
– não rodar à noite
– procurar ficar em hotéis com boa segurança e com internet
– não burlar as regras dos lugares

AMARRANDO AS MALAS
É importante que a bagagem esteja bem compacta, bem presa ao banco para não se mexer e não te empurrar nas frenagens. Use elásticos curtos que te daráo melhor tensão.
O que for mais pesado coloca-se na parte de baixo.
A posição tem que ser o mais junto de suas costas possível para que não fiquem duas massas separadas quando mudar de direção.  Isso também ajuda a evitar que a traseira pule.  São as mesmas regras de se levar um garupa.
Se a mala estiver separada de  suas costas, formará um canal de vento, deixando a moto instável.
É preciso colocar a lona por debaixo das malas, pois em caso de chuva, a água sobe e molha a mala por baixo.  Outra lona por cima de tudo.
Se você levar notebook, cuide para não passar os elásticos por cima dele, pois pode danificá-lo.

Agora, é “pé na estrada”!


A motocicleta está cada vez mais feminina
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Suzane Carvalho

Babi Paz é advogada, piloto, chefe de equipe, dona de loja e mãe.

Que as linhas e curvas de uma mulher e de uma motocicleta se completam ninguém nunca duvidou.  Mas se antes essa ligação era apenas estética, tornou-se vital.   Tanto para as proprietárias dos veículos de duas rodas quanto para a indústria.

Priscila Santos na Av. Paulista. A personal trainer de 27 anos diz que não seria possível cumprir a agenda se não fosse a moto.

A agilidade e concorrência de nossos dias não permite que uma pessoa produtiva perca diversas horas por dia presa no tráfego.  Logo, a saída encontrada por muitas mulheres está no veículo de duas rodas.  Não apenas para ir à academia ou ao mercado, mas para pular de um trabalho ao outro a tempo de cumprir todas as tarefas diárias.

No mercado de trabalho ou no esporte, as mulheres se mostram cada vez mais competitivas.  Mas mais do que uma maneira de se impor ou de lazer, a motocicleta muitas vezes é o próprio trabalho.  Kelly Cris, 32, anda de moto desde os 13.  Tem uma empresa de serviços de motofrete com outros dois motociclistas.

Kelly Cris é motogirl e trabalha só para executivos.

Há seis anos nas ruas como motogirl, trabalha das 08 às 18 horas e nunca sofreu um acidente.  Tem uma moto para o trabalho e outra para o lazer.  “Passo o final de semana lavando moto, montando moto, minha vida é isso!”

Só que mesmo sujas de lama, com os cabelos ao vento, com o macacão suado e de botas, elas não deixam de ser femininas.  Beleza, cor, alegria, determinação, personalidade, liberdade estão estampadas em suas motos e vestimentas.  Sim, além de a mulher ser mais criativa que um homem, ela não tem vergonha de mostrar seu gosto, e o equipamento utilizado,  geralmente é customizado.

A candidata a vereadora por Guaratinguetá, Gabi Pedrosa, se utiliza da motocicleta para circular entre as cidades da região.

As fábricas, por sua vez, já descobriram este nicho.  E junto com a moto, uma vasta linha de acessórios é fabricada e vendida exclusivamente para elas.

Pensando nesse público feminino, a Honda lançou um tom de rosa para sua linha de motonetas Biz 125 e Biz 100.  Afinal, 60% dos compradores desse modelo são mulheres.  Em números, isso significa que, em 2012, pelo menos 133.534 mulheres compraram uma Biz!

50% dos alunos de Motoescolas da cidade de São Paulo já são do sexo feminino.

Também experta, a Dafra lançou uma versão dedicada do seu scooter com motor 125 cc, o Smart, que chamou de Joy .  Ele vem com um tom de “azul feminino” escolhido pelas próprias clientes, e diversos adesivos para customização.

A Harley-Davidson já organizou passeios exclusivos para sua clientela feminina. O “Ladies of Harley” é a porção feminina dos Harley Owners Groups ou, H.O.G®, e organiza eventos exclusivos.  Na mesma linha, a BMW já promoveu o “Girls Day Out”, um passeio com direito a massagem e salão de beleza durante a parada.

A Honda dedica ainda turmas exclusivas de seus cursos de aperfeiçoamento de pilotagem, e em seu quadro de instrutores, Jaqueline Poltronieri, que também foi piloto de Motocross, se destaca.

Da mesma forma, o investimento no esporte também está aumentando.  Nas pistas, elas chamam atenção.  Mas não apenas pelo macacão, obrigatoriamente justo, pois estão se impondo e ganhando corridas e campeonatos.  Na terra, já são diversos os títulos conquistados nas categorias de base.

Sabrina Paiuta corre desde os 7 anos e já tem diversos títulos de campeã.

Em 2005, Ana Lima, então com 25 anos, foi a primeira brasileira a conquistar um Campeonato no asfalto, ganhando o Brasileiro de Motovelocidade na categoria 125 cc.  Ano passado foi a vez de Sabrina Paiuta, 17, ganhar na Ninja 250 Light.  Sabrina já acumula outros títulos de campeã no Motocross e na SuperMoto.

Mas a participação das mulheres com motos de grande cilindrada é cada vez maior.  Mesmo sem nunca ter competido, algumas começam a correr diretamente nas principais categorias.  Babi Paz, por exemplo, aos 26 anos começou a correr direto com uma 1.000 cc.  Outras correm em campeonatos exclusivos para mulheres, que servem de porta de entrada para ganharem mais confiança.  Mas sempre com motos acima de 600 cc.  Com isso, já se tornaram, literalmente, um show à parte, que é o caso do Racing Girls Show, uma equipe feminina que faz shows em pistas de corridas.

Uma quantidade imensa de moto clubes femininos está se alastrando pelo país.  Como não poderia deixar de ser, os nomes são bastante criativos: “Felinas do Asfalto”, “Damas Aladas”, “Devassas Motoclube”, “Damas de Aço”, “Medusas”, “Divas Insanas”, “As Revoltadas”, e por aí vai…  Os encontros muitas vezes têm motivos sociais.  É o caso do MAV – Moto Ação Voluntária, uma associação que tem como finalidade, unir o entretenimento e a ação social dentro do meio motociclístico.

Eu, fazendo mais um teste/avaliação de produto.

Já eu, sempre fui fascinada pelo mundo das duas rodas.  Apostava corridas de bicicletas com os meninos nas ruas, mas só pude ter minha primeira bicicleta por volta dos 15 anos e passei a usá-la como meio de transporte para todas as atividades, inclusive colégio.  Minha mãe não me deixava comprar uma moto, por isso comprei a primeira somente aos 22 anos e nunca mais deixei de ter.  Seja para driblar o trânsito durante a semana, para passear final de semana, para viajar ou colocar adrenalina para fora em pistas, eu não me entendo sem uma motocicleta e tenho mais de 1 milhão e meio de quilômetros rodados sobre elas.   E o melhor: minha vasta experiência em pistas de corridas e em estradas, aliada à sensibilidade, ao gosto pela mecânica e pela velocidade, fizeram com que a motocicleta tivesse ainda mais uma função em minha vida, e fiz da arte de testar motos, uma profissão.

Aprecie as fotos abaixo.  Para ampliar, basta clicar sobre elas.

Aline Ferraz, 16, faz show de whelling na equipe Radical Moto Show com seu pai, há 4 anos.

Fotógrafa que virou piloto, Alynne Almeida é do Paraná e faz enduro.

Liz Córdova é uma das meninas do Racing Girls Show

 

Erika Cunha participa do Super Bike Series correndo na 600 cc.

Gabriella Bastos Campos de Vitória – ES, corre e faz shows em todo o Brasil.

 

Stefany Serrão é piloto oficial da Honda.

Monique de Camargo, 14, é piloto oficial da Kawasaki.

 

Moara Sacilotti, 45, foi campeã brasileira de Rally Cross Country em 2012

Campeã na terra e no asfalto, Paiuta é piloto oficial da Kawasaki

 

Amanda Notaro é integrante do Racing Girls Show.

Babi Paz, piloto oficial da BMW, em uma de suas corridas em Interlagos. Suas filhas de 7 e 9 anos já andam de moto.

 

Racing Girls Show se apresenta em todo o país.

Jaqueline Poltronieri é instrutora dos cursos da Honda.

 

Mulheres Motociclistas é um grupo organizado de Brasília

Mil Lopes participa de passeios

Integrantes do grupo Mulheres Motociclistas

Grupo de motociclistas de Santa Catarina

As meninas já brincam com bonecas de motonetas, como essa Barbie da foto.

Até mesmo figuras dengosas como a Betty Boop, aparecem não apenas posando ao lado da moto, mas como motociclistas.