Viajando com tecnologia e conforto na Concours 14, a Super Touring da Kawasaki
Suzane Carvalho
Km inicial: 3907. Km final: 5702.
Como sempre, sentei na moto e fui direto para a Rodovia Presidente Dutra.
Porte grande, design lindo e um motorzão. Nem é preciso dizer que por onde passa, chama a atenção. Chave no bolso, já que é por sensor de presença, é só subir, ligar a chave geral e dar a partida. O conforto começa por aí. Para abastecer, não é preciso tirar a chave/sensor do bolso, já que a chave geral serve também para abrir o tanque de combustível. Mas ela só sai do local se o sensor estiver perto.
Foi a primeira vez que viajei com os baús laterais, ou seja, maletas: na da esquerda cabem 35 litros e na da direita, 32. Ela é um pouco menor por causa do escapamento. O perigo foi eu me acostumar, já que passei a deixar minhas tralhas nelas, e não as tirei nem mesmo para andar no trânsito, utilizando como um verdadeiro porta-malas. Em alta velocidade é que eles atrapalham um pouco. Principalmente em curvas, já que nas retas o motor garante a desenvoltura.
Ela não é tão grande assim: 2,23 m de comprimento x 79 cm de largura x 1,34 m de altura. Tem entre-eixos de 1,52 m, o banco do piloto está a 81,5 cm do chão e a distância mínima do solo é de 12,5 cm.
A posição do carona é bastante confortável, mas acho que o banco do piloto poderia ser um pouco mais estreito para que as pernas não ficassem tão abertas. Isso ajudaria a apoiar melhor os pés no chão para as manobras. Apesar de ele não ser alto, é preciso ter braço comprido para guiá-la, pois mesmo sendo o guidão bastante longo, não tem regulagem de distância. Já as pernas, ficaram bem posicionadas.
O peso em ordem de marcha é de 304 kg da versão com ABS, que eu andei.
A carenagem com suas grandes entradas de ar cobrem praticamente todo o motor. Ele tem 1.353 cc, quatro cilindros em linha, 16 válvulas VVT com duplo comando no cabeçote (DOHC), funciona em 4 tempos, a refrigeração é líquida, a lubrificação por cárter úmido. A ignição é digital e a injeção de combustível é eletrônica.
Tem relação diâmetro x curso do pistão de 84,0 x 61,0 mm, a taxa de compressão é de 10,7:1 e desenvolve uma potência máxima 155 cv a 8.800 rpm e um torque máximo de 13,9 kgf.m a 6200 rpm. Ele corta em 10.500 rpm. Com o RAM AIR, ganha mais 5 cavalos.
A embreagem é multidisco em banho de óleo e a transmissão final é por eixo cardã.
CHASSI / SUSPENSÃO
Ela tem bastante frente. Eu a colocava onde queria, e às vezes até passava por um ponto anterior ao que planejava. O Trail é de 11,2 cm, o ângulo de direção (esq/dir) é de 31°, o Rake (inclinação) é de 26.1°. A suspensão dianteira é garfo invertido de 43 mm com curso de 113 mm. Tem regulagem de mola e de compressão do amortecedor. Não tem de retorno.
A traseira é do tipo Uni-Trak com curso de 136 mm e amortecedor a gás com ajuste de compressão e retorno. A mola também é ajustável.
Toda a suspensão está mais para mole, e por isso endureci bastante a mola traseira quando estava na Dutra. Como voltei para São Paulo pelo litoral, amoleci a mola dianteira. Quando entrei em Parati, regulei em 10 cliques a mola traseira para mole, e quando voltei para a estrada de asfalto endureci os 10 cliques de volta. Acho essa facilidade de acerto muito importante para os viajantes aventureiros como eu.
O quadro é Monocoque em alumínio.
FREIOS / PNEUS
Já em Parati, sem querer entrei no chão de pedras e… que susto! Ela não está preparada para tal. Os pneus são bem largos e dá uma estabilidade ótima no asfalto, mas não tem grip em pedras. O ombro deles é bem côncavo privilegiando as curvas, onde dá para deitar bem a moto. E como eu estava com a suspensão mole, pulava muito.
Vem com os Bridgestone Batlax BT 120x70x17 na dianteira e 190x50x17 na traseira. São de perfil baixo e com ombro bem arredondado. Dá para deitar bastante com a moto. O pneu traseiro é mais largo que de alguns carros. No asfalto, subi bem a calibragem para ficar ainda mais durinha.
O freio dianteiro é em disco duplo de 310 mm em forma de margarida, com pinça dupla de fixação radial com 4 pistões opostos. O traseiro é disco simples de 270 mm também em forma de margarida e pinça com 2 pistões opostos. O ABS tem dois níveis e você pode utilizar o mais sensível para chuva. É o ABS K-ACT, Tecnologia de Frenagem co-ativa Avançada. Falando em chuva, ela tem também controle de tração chamado de KTRC – Kawasaki Traction Control.
A roda tem um sensor que funciona por rádio frequência que transmite para o painel a pressão dos pneus.
PAINEL
O painel é bem completo. Pode-se escolher entre quatro línguas: inglês, francês, alemão, italiano.
Ele mostra pressão dos pneus em KPA (quilo pascal), PSI ou BAR. Mostra o consumo instantâneo que pode ser em km/l ou milha/l. Um termômetro mostra a temperatura externa em Celsius ou Fahrenheit. Já a temperatura do motor, não dá para saber a exata, pois é mostrada em 5 sistemas (tracinhos), e quando chega no terceiro a ventoinha liga. Tem Indicador de Pilotagem Econômica e Modo de Assistência de Economia de Combustível.
Peguei um frio de 12° c e chuva à noite na Serra do Mar. E é aí que itens de conforto como aquecimento dos manetes e regulagem de altura do para-brisas ganham pontos. Aliás, a altura dele é memorizada pelo computador de bordo. Manete aquecido, para-brisas me protegendo do vento, é sem dúvida um conforte extra. Já para altas velocidades, o vento era desviado para meu braço.
Nos retrovisores, que são tão grandes quanto os de um carro e têm excelente regulagem de angulação, dá para enxergar tudo e mais um pouco, pois são do tipo “os objetos estão mais distantes do que parecem”.
Tem um porta-trecos eletrônico ao lado esquerdo da carenagem onde também me acostumei a deixar bloquinho de anotações, óculos escuros, paninho, coisas assim. Tem também tomada 12v.
Os faróis tem uma boa e fácil regulagem de altura, em separado. Para uma serra à noite como andei, foi perfeito, assim não ofuscava quem vinha no lado oposto e podia iluminar bem o canto direito da estrada que não tinha acostamento.
As observações que faço para, quem sabe, a Kawasaki melhorar ainda mais a Concours 14 no futuro, é que ela pode ter pisca-alerta, e uma buzina mais forte. São dois itens que auxiliam na segurança. Outra coisa: mesmo o tanque comportando 22 litros de gasolina, nunca utilizei mais que 18. Quando entra na reserva, o painel deixa de mostrar as informações adicionais, inclusive do nível de combustível e o consumo instantâneo, e aparece somente a mensagem LOW FUEL com o desenho de uma bomba de combustível bem grandes. Desesperada e sem saber quanto havia no tanque, eu diminuía o ritmo e parava no primeiro posto que aparecesse, mesmo que não tivesse gasolina aditivada (veja o quadro abaixo). Com isso a autonomia diminuía e nunca consegui utilizar mais que 18 litros e andar mais que 280 km com um tanque.
O consumo ficou assim: entre 14,98 km/l e 17,54. A média do consumo apresentada pelo computador de bordo bateu com o da minha calculadora.
Km rodados | CONSUMO | LITRAGEM | $ | GAS | ||
3920 | —– | supra | ||||
4208 | 287.8 | 16,46 | 17,48 | 48,93 | Ipiranga ad | estrada |
4490 | 282 | 14,98 | 18,82 | 54,86 | supra | estrada |
4697 | 206,6 | 15,52 | 13,31 | 43,28 | v-power | |
4941 | 244,2 | 16,6 | 14,7 | 42,92 | v-power | Muito devagar |
5218 | 277,1 | 17,54 | 15,79 | Br comum | Estrada, noite, chuva | |
5519 | 300,1 | 10,00 | cidade | |||
5624 | Shell com |
A cor é só mesmo essa preta, chamada de Ebony, e o preço, R$ 74.990,00.