24 Horas com o novíssimo J5, o sedã médio da JAC Motors
Suzane Carvalho
Quando completa 1 ano no mercado brasileiro, a JAC Motors lança seu 4° modelo: o sedã médio J5.
Nesses 12 meses, foram 30.000 carros vendidos, o que representou 0,83% de todos os carros emplacados no país. É bastante, principalmente se considerarmos que significou 13% dos carros importados.
Da mesma forma que o J3 e o J6, o J5 teve seu design desenvolvido em Milão, na Itália. No Brasil, foi testado durante 2 anos, rodando mais de um milhão de quilômetros em todo tipo de piso. Juntamente com os brasileiros, os engenheiros chineses trabalharam para as mais de 160 alterações e aperfeiçoamentos que o carro sofreu.
Ele é completo. Com freio a disco nas quatro rodas, ABS com EBD 8.3 de última geração da Bosch, air bag, direção hidráulica, trio elétrico, ar-condicionado.
Peguei o carro no aeroporto de Salvador e ele estava com 55 km rodados. Andei por 137 quilômetros, fechando o teste com 192.
Quando abri a porta traseira para colocar minha mochila, achei-a super leve. Mas o carro, nem tanto. Apesar de ter um motor também leve, o chassi pesa, e o carro tem 1.315 kg. Estando este peso na parte baixa do carro, não compromete sua estabilidade.
O porta-malas abre através da alavanca junto ao banco do motorista, ou com a chave. Não tem maçaneta. Tem sensor de estacionamento na traseira, break light, luz de neblina que fica no centro do para-choque traseiro, lanternas em led. No porta-malas cabem 460 litros. É um bom volume, mas lamentei que o encosto do banco traseiro não abaixe para aumentá-lo, caso você queira carregar coisas compridas.
Ao volante, acertei os retrovisores, distância e altura do banco, altura do volante (pouca altura, e não tem ajuste de profundidade), altura do cinto de segurança, e reparei nos detalhes: tem espelhinho no para-sol do motorista também, porta óculos acima do retrovisor central, o velocímetro vai até 220 Km/h, as luzes internas são todas muito boas e tem luz para o banco de trás também. O espaço para quem vai atrás é ótimo, mesmo com os bancos dianteiros colocados no final do trilho. Os passageiros das laterais terão cinto de três pontos e alças no teto para se segurarem. Para o do centro, cinto de dois pontos. O motorista tem controle elétrico das quatro janelas, que abrem 100%.
Reparando no painel, vi que não tem computador de bordo e tem um odômetro parcial só. A agulhinha para zerar o odômetro é fininha e comprida, dá impressão de que vai quebrar se uma “mão pesada” mexer nela.
Saí do aeroporto direto para a estrada. O volante tem um diâmetro grande, é forrado em couro e tem boa pegada. A direção hidráulica está bem firme em baixa velocidade e passa a impressão de que você tem um bom controle do carro. Já em alta velocidade, ela fica mais leve. Parece um efeito contrário ao da progressiva. Os retrovisores são excelentes, com ângulo de visão bem aberto, o ar-condicionado é forte e tem saída central para o banco de trás. O som é de muito boa qualidade, com seis auto-falantes.
O espaço para o motorista é ótimo e dá para esticar a perna esquerda. O apoio central do braço está no tamanho ideal. Não atrapalha o uso do freio de mão no caso de uma emergência, é funcional tanto para o motorista quanto para o passageiro, e o espaço interno é dividido em dois compartimentos. O apoio do braço nas portas também é largo.
Tem regulagem de altura dos faróis e da luz do painel. Os faróis desligam sozinhos quando você desliga o carro, mas se você quiser deixá-los ligados, é só virar a chave na ignição. A caixa de fusíveis está bem à mão, na parte de baixo do painel, no lado esquerdo do motorista. O alarme do cinto de segurança só soa a partir de 20 Km/h, então dá para manobrar sem cinto e sem ser perturbado. Se você passar dessa velocidade, ele soa durante 20 segundos e para, te dando a opção de andar sem o cinto.
MOTOR
É um 1.5 litro, DOHC 16 válvulas VVT em alumínio. Pesa somente 94 Kg. Tem 125 cavalos a 5.500 rpm e torque de 15,5 Kgf.m a 4.000 rpm. Ele corta a 6.200 e a taxa de compressão é de 10,5:1.
Só tem opção de câmbio manual de 5 marchas. No geral, a relação é boa, apenas com um pequeno buraco entre a 2ª e a 3ª. Em 4ª, a 80 Km/h está a 3.000 rpm; a 100 Km/h está 3.800 rpm. Em 5ª, fica a 3.000. Ela é bem longa (0.837), então dá para economizar combustível quando em velocidade constante em estrada, andando com o giro baixo.
Fiz um “de 0 a 100 Km/h” para ter uma base, sem as condições propostas pelo Inmetro, e o J5 fez em 14.2 segundos. A retomada de 60 a 100 em 3a marcha, fez em 10.2 s. A velocidade máxima declarada é de 188 Km/h.
No compartimento onde fica acomodado, sobra espaço, de forma que há refrigeração em todo seu redor, sem prejudicar o espaço interno.
FREIOS
Fiz também “de 100 a 0 Km/h”. Não cronometrei nem medi a metragem, mas posso afirmar que os freios são fantásticos. Eu estava com o carro vazio e ele parou em curtíssimo espaço e super equilibrado, sem mudar em nada a trajetória. O ABS entra em ação na hora certa otimizando a frenagem. Em muitos carros, o ABS entra muito cedo, fazendo com que não seja utilizada toda a potência do freio.
Na frente, os discos são ventilados, e na traseira, sólidos. Os bons pneus ajudam na frenagem. Dá pra sentir o grip e a borracha trabalhando. São da marca WANLI modelo S1063 de medida 205/55 R16. Cinco “Vs” fazem o design das rodas que são em liga de alumínio.
SUSPENSÃO
É independente nas 4 rodas. Com exceção para os veículos de carga, todos os outros deveriam ser assim. A estabilidade nas curvas está garantida. Achei-o bastante estável, mesmo fazendo rápido curvas do tipo ferradura; nem tinha que contra-esterçar muito o volante. E aqui, mais uma vez os pneus Wanli ajudam O peso do carro está concentrado na parte de baixo e o entre-eixos é grande, dois fatores que ajudam a ter boa estabilidade. Como o ajuste dela está para deixar o carro confortável, em alta velocidade o carro dá a impressão de flutuar um pouco. Mas comparando com os carros que iam à minha frente, o meu balançava menos nas ondulações da estrada.
Não andei com ele à noite e nem deu para fazer cálculo do consumo, o que farei quando ficar por mais tempo com o carro. Mas como o tanque tem capacidade para 57 litros, a autonomia deve ser boa. Não falta nada essencial, e tem todos os itens para um conforto básico. Aproveitei a proximidade e fui visitar o Projeto Tamar da Praia do Forte.
São 5 cores metálicas e mais o preto clássico. A JAC diz que sua cor banca é a mais branca entre todos os carros.
O preço do J5 está fixado em R$ 53.800,00 e a JAC Motors manteve a garantia de 6 anos que lançou em seus três modelos anteriores. De opcional, somente rodas com aro 17”. E aí o preço sobe para 55.200,00.
O fato de não ter uma versão com câmbio automático faz o J5 perder um pouco de espaço, pois nesta faixa de preço, representa 25% das vendas. Mas o presidente da JAC Motors do Brasil, Sergio Habib, visualiza, por enquanto, o consumidor com renda média.
A campanha publicitária do J5 diz que ele é um “Sedã grande com preço de sedã bem menor”, e Sergio Habib dispara: “Ele é do tamanho de um Civic pelo preço de um City, cinco centímetros maior que o Corolla e tem o maior entre-eixos da categoria”. Habib quer vender pelo menos 700 unidades do J5 por mês.
O J5 ainda é chinês, mas a JAC Motors já é brasileira. A fábrica a ser construída a poucos metros de onde testamos o carro, em Camaçari, na Bahia, terá um investimento de 900 milhões de reais. Os chineses entrarão com apenas 20% desse montante, e Sergio Habib, com o restante. Serão 3.500 empregos diretos e 10.000 indiretos. Para compensar o investimento, terá que vender 120.000 carros/ano.
A JAC Motors hoje conta com 65 concessionárias e 3.350 funcionários diretos. Sua meta é alcançar 12% do mercado quando da inauguração de sua fábrica, já em 2014, com o lançamento de dois modelos que estão sendo desenvolvidos exclusivamente para o Brasil, e o primeiro, será um hatch compacto. Em 2015 lançará outros dois modelos. A terraplanagem do terreno onde ficará a fábrica começará apenas no segundo semestre deste ano.