Curtindo a Ilha de Cananeia com a Honda NC 750X
Suzane Carvalho
Parti para mais uma Moto-Viagem-Turismo-Aventura.
O destino desta vez não foi longe: Ilha de Cananeia e sua região, no extremo litoral sul do estado de São Paulo, aproximadamente 320 km da capital. Lá, foi onde uma das primeiras naus da caravana portuguesa aportou. E por causa das disputas com os espanhóis e franceses, logo foi estabelecida uma vila e o primeiro povoado oficial das novas terras. Novas para os europeus, porque os índios, há muito já viviam aqui. Inclusive em Cananeia. Mas parece que por lá, diferentemente do norte fluminense, os portugueses se aliaram aos índios.
Com a moto, uma Honda NC 750X, já abastecida, pneus calibrados, freios e luzes verificadas, mala amarrada e coberta por lona, e capa de chuva à mão, saí de São Paulo já às 14:45 hs. A NC estava com 8.745 km rodados. Gosto de pegar uma moto com a quilometragem mais avançada para testar, para poder analisar o desgaste das peças e, principalmente, suspensões.
Peguei o Rodoanel para descer até a Rodovia dos Imigrantes. Nesse trecho, o movimento de caminhões é bastante grande. Quando já começou a chover e tive que parar para colocar a capa.
Desci até o litoral paulista e segui para o sul, rumo a Peruíbe. Nesse ponto somos obrigados a subir pela SP 101 até a BR 116, no trecho da Régis Bittencourt em Pedro Barros. Esse é o caminho que muitos fazem para ir para o sul, fugindo do eterno tráfego da Serra do Cafezal.
Tive sorte que a chuva parou enquanto entardecia. É muito lindo pilotar moto enquanto o Sol se põe. Antes que escurecesse, parei para trocar a viseira por uma transparente e aproveitei para abastecer, pois não sabia se encontraria outro posto até meu destino.
Para pilotar com segurança à noite, é preciso diminuir a velocidade e prestar muita atenção em saídas e cruzamentos, sem deixar de ter atenção nos retrovisores. Não gosto de pegar estrada nessas condições, quando estou de moto, mas às vezes é preciso. E como a SP-226 é em mão dupla, toda a atenção, inclusive para os lados, para ficar atento a prováveis animais saindo da mata, é importante. Diminuir a velocidade e andar dentro do seu limite de visão é primordial. Os faróis com lâmpadas de 55 W para o baixo e 60 W para o alto, da NC 750X, são ótimos. A capa do farol é clara e isso faz com que a luz se propague melhor.
O painel é perfeito: números pretos com fundo branco, e em uma posição de fácil leitura, em que não é preciso abaixar a cabeça para ler.
DICA =>Para cruzar a estrada, olhar diversas vezes para os dois lados, pois não é impossível vir um bêbado ou um recém habilitado com os faróis apagados.
Cananeia está em um corredor biológico de 110 km que se estende da foz do Rio Ribeira, em Iguape (SP), até a baia de Paranaguá (PR). É considerada um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica intocada na costa brasileira e um dos maiores berçários de vida marinha do planeta. Tombada pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade, é um dos melhores roteiros ecológicos do mundo. E, sem dúvida, excelente lugar para fazer trilhas e passeios de moto. Tem até um moto clube local. A cidade encontra-se em uma área de proteção ambiental e conta com sítios arqueológicos, sambaquis, datados entre seis e quatro mil anos, e também com ruínas do período colonial.
Cheguei no portal de Cananeia já às 18:30 e fui procurar um lugar para dormir. São várias as opões de hotéis e pousadas e acabei optando por ficar na Pousada Villa de Cananea, bem no centro, pois fui atendida pelo dono, um biólogo que foi fazer pesquisas no local, e de lá não saiu mais. Apesar de simples, é aconchegante e bem tratada.
As pedras utilizadas em sua construção são de fato portuguesas, pois foram tiradas do fundo do mar onde os navios portugueses as jogavam, já que traziam como lastro, para depois trocar por carga valiosa.
As opções de hospedagem são grandes e variadas. É possível ficar em pousadas bem simples ou em hotel grande, com conforto. A cidade é democrática para quem quer se deleitar com a natureza.
Fui jantar na Av. Beira Mar, em um restaurante francês bem ambientado. As opões de restaurantes ali também são grandes, para todos os gostos e bolsos; e a gastronomia chega a ser destaque.
No inverno o frio pode chegar a 5 graus centígrados e estava bastante frio quando fui. Pela manhã me dirigi ao píer que fica a apenas um quarteirão da pousada.
Grudado a Ilha de Cananeia estão a Ilha do Cardoso, que é um parque ecológico, e a Ilha Comprida, além da Ilha do Bom Abrigo, onde fica o Farol da Barra. Peguei um barco para a Ilha do Cardoso. A navegação é pelo Mar Pequeno, canal entre as Ilhas Comprida e de Cananeia, passando pela Baía dos golfinhos, onde botos-cinza ainda nadam acompanhando as embarcações, o que muito me lembrou minha infância, quando existiam botos na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, acompanhando as balsas que atravessavam para Niterói.
É possível passar todo o dia e até acampar na Ilha do Cardoso, onde tem dois restaurantes, no lado que fica voltado para Cananeia. Tem trilhas para todos os níveis, praias e cachoeiras.
Esta região de Cananeia é chamada Lagamar, reconhecido como um dos cinco maiores viveiros de espécies marinhas do mundo.
2º DIA |
Rumo a Ilha Comprida. Basta pegar a balsa para fazer a travessia, que demora menos de 10 minutos. Cruze a Av. Intermares e pronto! Você se deparará com 45 km de praia de frente para o Atlântico! E livre para trafegar. Para o norte, o Boqueirão. Para o sul, a praia da Trincheira, de onde você pode apreciar e fotografar os botos. Emancipada há 23 anos, Ilha Comprida ainda faz parte da Área de Proteção Ambiental de Cananeia.
Foi ali onde me diverti de verdade com a moto. É possível andar pela praia, junto ao mar, cortando os riachos. Sozinha, foi uma de minhas maiores aventuras, já que sou “menina do asfalto”. Mas me senti totalmente à vontade andando em pé na NC 750X, que tem o centro de gravidade baixo e é fácil de manobrar.
3º DIA |
Com frio e chuva, tirei o dia para conhecer a parte histórica da cidade. Conversei com a historiadora Nana, que me contou muitas curiosidades locais. Acostumada a receber turmas escolares, ela tem vasto conhecimento.
Os casarios históricos padronizados são bem coloridos. Alguns se mantiveram como residência e outros viraram pontos comerciais.
Os canhões que estão na Praça Martim Afonso, foram trazidos pelos portugueses.
Na Igreja São João Batista de Cananea, bem rústica, datada de 1.517, estão acontecendo escavações arqueológicas.
“A primeira cidade fundada no Brasil” se mantém com jeito de “Vila” e tem ainda, conforme dizem, as ostras mais saborosas do mundo.
A Cataia é uma planta local de onde é extraída e feita uma cachaça (que provei!). Ela fica curtindo durante apenas um mês e pode ter sabores variados como mel e canela. É chamada de ''Whisky da Praia”.
A MOTO |
Com banco a 83,1 cm do chão e altura mínima de 16,4 cm, a ergonomia dessa moto, para mim, é perfeita. No estilo Crossover, dá a impressão de que posso dar a volta no mundo, sem levantar nem cansar. O tanque de combustível fica na parte de trás do chassi e com isso a moto ganhou um grande baú de 21 litros na frente, onde você pode guardar até capacete.
Como o torque a e potência máximos estão em uma faixa de giro baixa, o consumo de combustível é muito baixo para uma moto com um motor desse tamanho e chega a 30 km por litro, dependendo da maneira como você a pilote. Em velocidade constante, a 120 km/h ela fica a 3.600 rpm. Essa nova versão da “NC” tem motor com exatos 745 cm³, potência máxima de 54,8 cv a 6.250 rpm e torque máximo de 6,94 kgm.f a 4.750. Esse torque máximo nessa faixa de giro baixa é que torna a moto mais gostosa de curtir, em quanquer situação, seja para driblar os carros nas cidades, ara ultrapassagem nas estradas ou para subir barrancos em passeios off-road. A relação diâmetro x curso do pistão é de 77 x 80 mm. A compressão, 10,7:1.
Mesmo com quase 10.000 km rodados de testes feitos por jornalistas, a moto não apresentou absolutamente nenhum desgaste e a suspensão estava perfeita. A traseira é do tipo pro-link com 150 mm de curso e a dianteira, garfo telescópico com 153,5. Apenas os pneus eram novos.
Na pista de testes, ela bateu os 190 km\h mas a reta acabou e não deu para ver a velocidade final.
O quadro é do tipo Diamond-frame em aço, e os freios, disco de 320 mm na frente e 240 mm na traseira.
Pneus: 120 x 70 x 17” na frente e 160 x 60 x 17” na traseira.
Freios: duplo disco com 320 mm na dianteira e 240 na traseira e opção de ABS.
Ela pesa 205 kg (mais 4 para a versão com ABS).
No total, rodei aproximadamente 1.700 km com ela.
Veja as velocidades máximas atingidas em cada marcha, na pista de testes:
1ª | 64 |
2ª | 96 |
3ª | 126 |
4ª | 151 |
5ª | 175 |
6a | 190… e acabou a pista |
Abaixo, o consumo. Como o tanque de combustível tem capacidade para 14,1 litros, se você fizer média de 25 km com 1 litro de gasolina, a autonomia será de 350 quilômetros.
O tipo de gasolina colocado em cada abastecimento influenciará no rendimento seguinte.
O tipo de rodagem e a maneira de pilotar a moto influenciam diretamente no consumo.
KM | KM RODADOS | MÉDIA | LITROS | $/LITRO | $ TOTAL | GAS | RODAGEM | |
10/06 | 8.745 | —– | —– | —– | —– | —– | não sei | —– |
16/06 | 8.950 | 205 | 17,93 | 11,43 | 3,45 | 39,43 | Grid | Estr Chuva |
19/06 | 9.130 | 280 | 20,22 | 8,9 | 3,39 | 29,69 | Comum | |
25/06 | 9.387 | não sei | não sei | não sei | não sei | não sei | não sei | |
26/06 | 9.677 | 290 | 25,34 | 11,44 | 3,50 | 40,03 | Grid | cidade |
9.893 | 216,1 | 18,17 (20,6) | 11,89 (10.3) | 3,55 | 42,19 | Grid | rpm máx | |
10.160 | 267,1 | 23,49 | 11,37 | 3,39 | 38,53 | V-Power | estrada | |
10.354 | —– | —– | —– | —– | —– | —– | —– |
Assista ao vídeo em que faço a apresentação técnica completa da moto, e comento sobre seu comportamento:
Veja aqui uma galeria de fotos completa: http://suzanecarvalho.album.uol.com.br/honda-nc-750x