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Autódromo Velo Città é inaugurado em São Paulo
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Suzane Carvalho

FOTOS: SUZANE CARVALHO

3.430 metros, 13 curvas de asfalto impecável e desnível de 45 metros

O Autódromo Velo Città localizado em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, realizou ontem, com a 4ª etapa do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil sua primeira corrida oficial sob a supervisão da Confederação Brasileira de Automobilismo.

Fiz questão de conhecer pessoalmente a pista e andei a pé por todo o circuito de 3.430 metros de extensão e suas 13 curvas.

Técnico, com asfalto impecável, visual lindíssimo, desnível de 45 metros, com características de baixa para média velocidade, padrão FIA, a pista foi construída dentro da fazenda de propriedade do empresário e piloto Eduardo Souza Ramos.  O traçado foi desenhado por ele e pelo amigo e também piloto, Leandro Almeida.

Conversei com os dois sobre os detalhes da pista, e reproduzo para vocês o que eles me disseram.

Descida da reta oposta: belo visual e bom humor

Mesmo após ter abandonado as duas baterias de sua corrida na Porsche Cup, um sorridente Eduardo Souza Ramos conversou comigo sobre seu autódromo:

SC – Quanto tempo foi preciso para fazer a pista?
ESR – Foram seis anos entre o projeto e o final das obras.

SC – Quando foi a inauguração oficial do autódromo?
ESR – A gente não é muito chegado em festas e não fizemos uma inauguração formal.  Simplesmente começamos a usar.

SC – Desde quando a pista já está sendo utilizada?
ESR – Desde março, depois que saiu a homologação da CBA.

SC – E para quê, tem sido utilizada?
ESR – A gente tem usado para fazer o Lancer Experience e para lançamentos de produtos da Mitsubishi para a imprensa.

SC – Porque a Porsche Cup foi a primeira categoria a vir fazer uma corrida oficial da CBA aqui?
ESR – A gente tem bastante ligação com a Porsche, já que há oito anos participo dos eventos deles.  Como ficaram sem lugar para fazer esta 4ª etapa do campeonato, que seria no Rio de Janeiro, mas o autódromo de lá foi fechado para o evento da Rio +20, então, antes de conversarmos com Interlagos, surgiu a ideia de fazer a prova aqui, o que achamos super legal, já que assim poderíamos fazer todos os testes de segurança, já que é uma categoria super rápida.

SC – Como piloto, o que você achou da corrida aqui?
ESR – Achei que foi espetacular!  O autódromo é super trabalhoso e você sai daqui sentindo que você correu, brigou, suou, já que a pista permite vários lugares de ultrapassagem e a segurança está acima da maioria dos outros autódromos.

SC – Você chegou a ver as velocidades mínima e máxima que o Porsche atingiu aqui?
ESR – Acho que é por volta dos 215/220 Km/h, mas a nossa preocupação quando fizemos o autódromo não foi essa, e sim, que o “gentleman driver” consiga se realizar aqui e se sentir um piloto, e esse objetivo foi 100% atingido.  E os pilotos profissionais que estiveram aqui nestes dias também elogiaram, o que quer dizer que a coisa deu super certo.  Nesses três dias foram oito treinos e três corridas, e foi tudo impecável.

SC – Agora que a pista ficou pronta, qual o projeto de vocês?  Pretendem utilizá-la para fazer eventos ou corridas de outras categorias?
ESR – A gente ainda não sabe, ainda vamos resolver o que vamos de fato fazer.  Agora, o que quero pensar, é em correr o Campeonato Sul-americano de Barco a Vela na Ilha Bela na 4ª feira, que é o esporte que eu mais pratico.

1ª corrida oficial: Porsche GT3 CUP Challenge Brasil

1ª corrida oficial: Porsche GT3 CUP Challenge Brasil

Enquanto dirigia pelo circuito, o piloto e também projetista da pista Leandro Almeida, me explicou os detalhes da construção:

“Antes de começarmos a construção, foram três anos de trâmites jurídicos para conseguir as aprovações do IBAMA e só começamos a mexer em alguma coisa depois que estava tudo assinado e liberado.

Nós usamos a topografia, subindo, descendo, com curvas cegas, o que é um grau de dificuldade a mais.

Em relação ao traçado, escutamos bastante palpites.  Além do que eu e o Eduardo desenhamos, Andreas Matheis, Ingo Hoffmann, Luis Ernesto, o Gil de Ferran… e a pista foi nascendo.  Na verdade a pista ainda não está pronta, mas já está em um nível muito bom.  O asfalto é de primeiríssima.  É o mesmo traço de asfalto de Interlagos, com composição com borracha, que dá excelente grip.

O autódromo nasceu primeiro na parte de cima, que tinha 2.100 metros, e só depois fizemos a parte baixa ficando com 3.430.  Ainda vamos construir mais cinco boxs, a torre em cima deles, restaurante e banheiros.

O circuito menor ficou ativo podendo utilizar as duas partes da pista separadas, no caso de um evento.

Tivemos uma série de dificuldades.  Aqui no lado esquerdo do final da reta tivemos que remover um morro e fazer um aterro para criar a área de escape, já que aqui era uma baixada.  A curva 1 é feita em 3ª marcha e a 4ª é colocada só depois da Curva 2.

Outro ponto que mexeu bastante com terra foi depois da curva 2 que tivemos que cortar o barranco do lado esquerdo, que avançava onde está a pista, para aterrar o lado direito.

Prezamos muito pela segurança.  Não é uma pista de alta.  Eu a classifico como média/baixa.  A curva mais rápida é a Curva da Mata, que é feita em 4ª marcha.  Um Ford GT contorna aqui a 160/165 Km/h, mais ou menos.  A velocidade máxima do Porsche que correu aqui neste final de semana ficou entre 200/210 Km/h.  Nós ainda vamos aumentar a área de escape na saída das curvas 2 e 6.

Atrás da Curva da Mata, e por isso ela tem esse nome, é uma reserva em que não se pode mexer.

O Hairpin é a parte mais alto do circuito.  Depois dele a reta em descida que foi a primeira reta do circuito.  A ideia inicial era fazer uma curva rápida depois dela, mas como não tinha espaço para fazer uma boa área de escape, fechamos e fizemos o “S” em descida, esse sim, que pode lembrar em alguma coisa o “Saca-Rolha” de Laguma Seca, como você me perguntou, mas não foi inspiração.  (A descida da reta oposta, depois do Hairpin, além de emocionante, pois a descida começa com uma curva cega, é linda, com um visual deslumbrante.)

A velocidade aqui é quase a mesma do final da reta principal, chega a 210, porque é em descida, e a freada para o “S” é forte.

A parte seguinte também foi toda aterrada, já que tinha uma baixada muito grande.  Na minha opinião, a sequencia de curvas depois do “S” em descida, antes da reta de chegada, é a mais difícil do circuito.  É feita em 2ª marcha e tem que ter muita manha e paciência para acelerar.”

Os administradores não tem intenção de liberar a pista para eventos motociclísticos, nem de caminhões, ou que leve muito público ao local, já que é uma propriedade particular e não está estruturada para receber arquibancadas e multidões.

VEJA AQUI uma galeria completa de fotos do autódromo, curva a curva.


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