Motociclistas de São Paulo fazem “buzinaço” para pedir mais segurança
Suzane Carvalho
Com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para o elevado número de roubos e assaltos vitimando motociclistas, foi realizado no domingo passado, um ''Buzinaço da Paz '' que reuniu cerca de 350 motocicletas e 400 pessoas.
A iniciativa foi do jornalista e instrutor de pilotagem de motos Geraldo Tite Simões, que foi assaltado a mão armada pela terceira vez em 12 anos, sempre perto de sua casa. Levaram moto, capacetes, mochila, documentos e telefone celular. E ameaçaram abertamente atirar na vítima. Isso aconteceu aproximadamente 15 dias antes de um casal ser assassinado na Avenida dos Bandeirantes em uma tentativa de assalto.
Mas estas não são histórias isoladas. Não há uma roda de bate-papo de motociclistas onde não tenham pelo menos dois com experiências semelhantes. Não há quem não tenha um amigo que perdeu um amigo, vítima de assalto. ''A insuportável condição de reféns de um grupo criminoso que age abertamente em São Paulo me levou a organizar esta manifestação pacífica para chamar a atenção das autoridades'', falou Tite.
Abordagens nos sinais não é a única forma de roubar uma motocicleta. Mesmo em movimento, e até em alta velocidade, os ladrões encostam na vítima, e se essa não parar, atiram. Pior: atiram sem a vítima sequer saber que está sendo perseguida. Mesmo quem, com medo de ser assaltado, leva a moto na caçamba de uma caminhonete, já foi assaltado, como é o caso do piloto César Barros, que carregava a única réplica de uma moto de competição que seu irmão Alex Barros utilizou no campeonato mundial, existente no país.
Da mesma forma, eu também já fui ''batizada'' em São Paulo. Me levaram, além da moto e do capacete com os adesivos ''suzane.com'', minha mochila com o protetor de coluna, notebook, duas câmeras de vídeo, duas câmeras fotográficas, celular e nada menos que 7 memórias SD cheias de arquivos, além do HD do note. Os ladrões sabem tudo a meu respeito. Talvez até sejam meus seguidores no Twitter e até mesmo estejam lendo esta matéria.
Mas… e aí? Antes desse assalto, eu já havia sido assaltada outras 6 vezes, EM SÃO PAULO! Mesmo não morando na cidade. Em todas, por pessoas a pé. Em uma roda de amigos, três disseram terem sido assaltados enquanto estavam dentro de seus carros, parados no trânsito. E situação é gravíssima e é preciso uma ação emergencial para inibir os criminosos. Existe uma guerra entre o bem e o mal em que quase sempre o mal ganha, pois sabe que não será penalizado. Se for, a pena é branda, muito branda, perto da pena que eles impõem a nós: a morte.
É preciso um contingente maior de policiais e salários melhores para eles. É preciso pena mais rígida para assaltantes e criminosos. É preciso alterar a maioridade legal. É preciso abaixar o salário dos políticos para investir em segurança pública.
A manifestação de Tite foi a primeira. Não tivesse a data coincidido com uma competição de longa duração em Interlagos, teria tido ainda mais adeptos.
Mas porque precisamos fazer movimentos para chamar atenção? Será que os governantes e os responsáveis pelo setor não sabem da situação?