Blog da Suzane Carvalho

Manaus e “Veredicto Final” sobre a Expedição e a Honda NC 700X

Suzane Carvalho

Para finalizar, um passeio por Manaus antes de entregar a ''NC''.

Fui ver as obras do Vivaldão, o principal estádio de futebol de lá e onde serão realizados quatro jogos da 1ª fase da Copa do Mundo de 2014.  O Sambódromo, que eu ainda não conhecia, fica ali ao lado.

Revi o Teatro Amazonas, dei uma volta pelo porto e fui até o Encontro das Águas.

A VIAGEM
Foi a mais longa viagem de moto que fiz.  Já rodei toda a Itália sobre duas rodas, mas nunca tinha ficado 12 dias seguidos na estrada.  Nos dias em que rodei, fiz uma média de 500 km, dando um total de 4.586 km.  Perdi um dia devido aos entraves burocráticos.

O percurso escolhido, de Manaus até o Mar do Caribe, no norte da Venezuela, foi perfeito.  Passei por florestas, planícies, praias, rios, cachoeiras.  Conforme eu disse antes, é um passeio perfeito para ser feito de moto para sentir bem a natureza variada dos lugares e a sensação de liberdade.

Não tive problemas com os índios nem com a polícia venezuelana.  Os sustos que tomei durante toda a viagem foram todos por conta das rajadas de vento.  Por algumas vezes ventava muito e eu andava com a moto inclinada por longo trecho.  Volta e meia eu entrava em um canal, um túnel ou um rodamoinho de vento, e esses me assustavam, pois eu não esperava.  Quando vou cruzar um caminhão que vem em direção contrária, já me preparo para o movimento que a moto vai fazer por conta do vácuo, mas da outra forma, eu não podia ver ou prever quando iria cruzá-los.

Uma das coisas que me espantou a viagem inteira, é que a pista é em mão dupla praticamente os 2.200 km de estrada, e muito raramente eu via alguém com os faróis ligados.

Os percalços pelos quais passei serviram todos para dar mais emoção à aventura: acabar gasolina no meio da reserva indígena, ser parada em uma blitz em um momento em que eu estava sem nenhum documento e descobrir que eu estava ilegal na Venezuela!

Foi, sem dúvida, uma das melhores e maiores aventuras que já fiz.

A MOTO
A Honda NC 700X foi simplesmente perfeita para este tipo de viagem.  Em nenhum momento senti cansaço ou algum tipo de dor física, e isso se deve muito à posição e facilidade de pilotagem dela.  É possível ajustar a posição do guidão e dos retrovisores para que a ergonomia fique de acordo com a estrutura e estatura do piloto.  Os retrovisores têm um ângulo de visão muito bom e como dá para jogá-los para frente, ajuda muito a diminuir a largura total da moto para andar no meio de tráfego.

O porta-objetos da frente é tudo! Lá eu carregava, além de câmera fotográfica, água, paninhos, ferramentas, biscoitos, capa de chuva, bonés, e ainda sobrava espaço!

Por inúmeras vezes tive que manobrar a moto e em nenhuma pedi auxílio.  A distribuição de peso faz com que ela seja muito fácil tanto de pilotar quanto de manobrar, mesmo com minhas malas em cima.  Ela pesa 206 kg e minhas malas pesavam aproxiadamente 50 kg mais.  O banco está a 83,1 cm do chão.

O para-brisa é supereficiente.  Há uma passagem de vento por baixo dele, amenizando o vento que bate no peito.

Com posição confortável e boa autonomia, fiz tiros de até 300 km sem parar.

O motor de 700 cmª com 52,5 cv e 6,4 kgf.m me deu força e torque suficientes para qualquer ultrapassagem em qualquer situação.  Em nenhum momento senti falta de motor.

Nos trechos em que peguei terra batida ela também foi bem.  Obviamente que em chão com muitas pedras soltas, ela escorrega, já que vem com rodas e pneus para serem utilizados em asfalto.

A suspensão respondeu muito bem, e mesmo sendo confortável, ela é firme.  Eu colocava a moto onde queria e da maneira que queria.  A dianteira é garfo telescópico, com 153,5 mm de curso e a traseira, mono-amortecida pro link, com 150 mm de curso.

Mas mais importante que o curso da suspensão, é o acerto do amortecedor.  Calibragem, tipo de óleo, acerto das válvulas.  Pude testar a suspensão também sem bagagem e nas ruas bastante onduladas de Manaus, e aprovei.

A média geral do consumo ficou em 25 km/l.  Lembro que eu estava sempre andando carregada, com um arrasto aerodinâmico maior que o habitual por causa das malas, subindo e descendo serra sempre e andando com o giro alto.  É uma excelente média para um motor de 700 cm³. Na minha mão, na cidade, faz 30-32 km/l.

A posição e consequente visibilidade do painel são ótimas, já que está bem na frente e você não precisa abaixar a cabeça para controlar velocidade, giro, etc…  A iluminação dele também é perfeita, do jeito que gosto: preto no branco.  Mesmo em uma serra muito fechada, desconhecida e à noite, vi todas as informações que queria, quando queria.

Da mesma forma, o farol foi eficiente, e já estava regulado para andar com mais peso.

Antes da viagem a Honda me avisou que esses pneus são projetados para durarem 5.000 km, mas eles chegaram inteiros.  Só um pouco quadrado devido a eu ter feito quase que a totalidade da viagem em retas.

A regulagem dos manetes, assim como as pastilhas de freio, praticamente não saíram do lugar.  O modelo que usei veio equipado com C-ABS e o pouco que gastei das pastilhas foi andando no trânsito pesado de Manaus.

Andei quase sempre por volta das 4.000 rpm, o que, na NC 700X, significa 130 km/h. E, para meu espanto, a relação chegou intacta.

O óleo de motor chegou limpo e completo.

Em nenhum momento o tirar das bagagens para abastecer, me incomodou.  Ao contrário, eu aproveitei estes momentos para mexer com o corpo depois de longos trechos na mesma posição, e para conversar com os curiosos à minha volta.  Foi melhor do que ficar me alongando sozinha em um canto.

Eu, particularmente, só senti falta de um marcador de temperatura.  Ela tem luz de alerta, mas não marcador.  Segundo a Honda, por ser um motor com a mesma tecnologia de um motor de carro, a temperatura se mantém constante sempre.  Ou ele aquece, e a luz espia acende, ou ele se mantém na temperatura ideal.  Mas em nenhum momento senti aquecimento do motor em minhas pernas.

O marcador de combustível  é que me pareceu instável.  São apenas 5 sistemas (tracinhos) que não são precisos quanto ao gasto do combustível.

Km final: 4846 km.

Veja aqui a apresentação e os detalhes técnicos da NC 700X.

Ah! Essa cor preta da NC 700X foi preparada exclusivamente para essa minha expedição e não está à venda.  As cores disponíveis são a branca e a vermelha.  =)

 

fonte: Google Maps